A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) manifestou nesta terça-feira sua "profunda preocupação" com o que considera ser um ressurgimento de mecanismos de censura em diferentes estados do México. A entidade identificou um padrão alarmante de ataques à liberdade de expressão através de sentenças judiciais, iniciativas legislativas e pressões administrativas contra veículos de comunicação independentes.
Entre os casos mais graves destacados pela SIP estão: em Campeche, onde um tribunal impôs uma ordem judicial sem precedentes proibindo o jornalista Jorge Luis González Valdez de mencionar a governadora Layda Sansores e obrigando o meio Tribuna Campeche a submeter todo seu conteúdo à revisão prévia de um interventor judicial; em Puebla, onde uma reforma ao Código Penal ampliou o conceito de "ciberassédio" de forma ambígua, permitindo a perseguição de jornalistas que critiquem funcionários públicos; e na Cidade do México, onde o Instituto Nacional Eleitoral (INE) exigiu que o portal La Silla Rota entregue documentos e fontes de uma investigação jornalística, sob ameaça de multa de até 11 milhões de pesos.
“Esses casos não são incidentes isolados, mas sintomas de um ambiente institucional cada vez mais hostil ao jornalismo”, afirmou José Roberto Dutriz, presidente da SIP, CEO e diretor-geral do jornal La Prensa Gráfica de El Salvador. “Preocupa-nos que, em um país democrático com estruturas constitucionais sólidas, ferramentas judiciais, legislativas ou administrativas estejam sendo utilizadas para suprimir a crítica e o controle do poder público”.
