Por Isabela Fraga
Desde que Hugo Chávez tornou-se presidente da Venezuela pela primeira vez, em 1999, até junho de 2012, emissoras de TV e rádio foram obrigadas a transmitir 2.334 dos discursos do governante, totalizando 97.561 minutos de programação -- uma média de 42 minutos de transmissão a cada dois dias. Esse cenário foi qualificado pela organização de direitos humanos Espacio Público como uma "censura continuada", noticiou o jornal El Universal.
Em informe divulgado na quinta-feira, 26 de julho, a Espacio Público afirmou que as frequentes transmissões de discursos de Chávez produzem "restrições à liberdade de expressão de quem emite as mensagens e ao mesmo tempo restringem os direitos de quem quer recebê-las".
A organização faz referência à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), cujas normas afirmam que a informação passada pelo gorvernante em transmissões presidenciais deve ser aquela "estritamente necessária para atender às necessidades urgentes de informação em assuntos de claro e legítimo interesse público, e durante o tempo estritamente necessario para transmitir a dita informação".
De acordo com o documento da Espacio Público, o tempo utilizado pelo presidente da Venezuela em transmissões de rádio e TV aumenta em anos de eleições: apenas no primeiro semestre de 2012, Chávez acumula em média 74 minutos por transmissão, que acontecem 14 vezes por mês, informou o jornal La Verdad.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.