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Jornalismo independente na internet depende cada vez mais de colaboração e investigação

Por Eric Andriolo

“Os jornais morrem ou sob os tacões militares ou se suicidam porque não enfrentaram seus reais problemas." As palavras são do jornalista brasileiro Jânio de Freitas, um dos homenageados pela Abraji no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado em São Paulo, de 12 a 14 de julho. Freitas referia-se à tão falada crise do jornalismo diante da evolução da internet, e arrematou: “usem a criatividade. Não a temam.” O convite parece já ter sido aceito por diversas iniciativas independentes, que apresentaram seus resultados em diversas palestras realizadas durante o congresso da Abraji.

Um dos caminhos explorado por essas iniciativas é o do jornalismo colaborativo, desenvolvido muitas vezes por pessoas sem nenhuma formação na área. Para Antônio Martins, do site Outras Palavras, o futuro das notícias pode estar justamente nesse "trabalho dos cidadãos comuns que fazem a investigação”.

Um caso destacado é Andy Carvin, estrategista digital da rádio publica NPR, nos Estados Unidos. Sem formação acadêmica em jornalismo, Carvin ficou conhecido por sua intensa cobertura da Primavera Árabe pelo Twitter. "A maior moeda de troca da internet é a generosidade”, afirmou ele. “Em tempos de notícias urgentes, as pessoas se voluntariavam para compartilhar". Nesse jornalismo colaborativo defendido por Carvin e Martins, a internet é ferramenta fundamental -- e não ameaça iminente. “A internet é onde reside hoje a esperança de retomar o jornalismo que nós aprendemos, com os valores que aprendemos a honrar”, resumiu Martins.

Financiamento: das instituições ao crowdfunding
De um lado, exemplos de jornalismo colaborativo conseguem prestar serviço de informação à população com poucos custos. De outro, grandes reportagens investigativas empreendidas por meios independentes, que demandam tempo exclusivo, viagens e equipamentos, precisam de maior financiamento. Nesses casos, como conseguir investimentos para que o projeto sobreviva?

O mais comum é o apoio de instituições e fundações que acreditam no projeto, como é o caso da agência de jornalismo investigativo Pública, financiada pela Fundação Ford, Fundação Carlos Chagas, e Open Society Foundations. "Mas é difícil financiar jornalismo investigativo tanto nos grandes meios de comunicação como em projetos independentes", explica Marina Amaral, editora da Pública. Para ela, o futuro do jornalismo independente pode estar no crowdfunding, sistema de apoio coletivo em que cada interessado colabora com uma quantia para chegar à quantidade necessária de investimentos. "Queremos tentar essa via de financiamento no futuro", conta.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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