O que pode ser feito para melhorar a cobertura jornalística da migração internacional nas Américas? Mais de 50 jornalistas, especialistas e representantes de organizações não governamentais se reuniram em Austin, Texas, no ano passado para discutir esse tema. Os destaques da discussão são agora apresentados num livro digital do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas que está disponível para download em duas versões, espanhol e inglês.
O tema migratório é mais complexo do que parece e sua cobertura é, geralmente, feita de forma superficial, constataram participantes do 9º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas, realizado entre os dias 20 e 22 de setembro de 2011. Para entender e cobrir a migração nas Américas adequadamente é preciso educação, equilíbrio e um jornalismo objetivo, concluíram.
O livro sugere mais colaboração entre jornalistas de diferentes os países nas Américas para melhorar a cobertura das migrações internacionais, além de uma descrição mais humana e equilibrada dos migrantes, sem se limitar a estatísticas e histórias de pessoas que cruzam fronteiras com ou sem documentos.
Participantes do Fórum também pediram mais reportagens sobre os próprios migrantes e suas famílias, além de explicações históricas da migração, investigações de políticas governamentais, temas de saúde, fatores econômicos e sociais, educação, habitação e uma miríade de outros componentes que formam a migração. Em resumo, a cobertura jornalística precisa explicar que a migração causa importantes, até cruciais, efeitos na vida cotidiana de praticamente todos os habitantes das Américas.
“Temos a tendência de criminalizar os imigrantes pelo fato de que eles decidiram vir a este país (Estados Unidos) para buscar trabalho sem documentos e os classificamos como imigrantes ilegais antes de entender suas respectivas realidades”, diz a jornalista Cecília Alvear, ex-produtora da cadeia de televisão NBC e representante da organização americana UNITY, formada por jornalistas de grupos étnicos minoritários.
“O clima atual da imigração está polarizado já que não há diálogo. O único lugar onde as pessoas trocam pontos de vista é nas páginas dos nossos jornais”, diz Maria Sacchetti, repórter do Boston Globe.
O livro se refere não apenas aos milhões de imigrantes da América Latina e do Caribe que se encontram nos Estados Unidos, mas também aos mais variados fluxos migratórios entre países latino-americanos e dentro deles.
A Argentina, por exemplo, recebe um grande número de imigrantes paraguaios e bolivianos, e o Paraguai tem recebido muitos brasileiros, os brasiguaios. Na Colômbia, segundo a jornalista Maria Teresa Ronderos, “há quatro milhões de pessoas que foram forçadas a migrar, seja interna ou externamente”.
Outro tema amplamente abordado no livro é o sofrimento dos centro-americanos que tentam atravessar o México a caminho dos Estados Unidos e são vítimas de extorsão e violência por parte de criminosos que às vezes são funcionários do Estado.
Com apenas 30 páginas, o livro “Cobertura Jornalística da Migração nas Américas” foi escrito pelo jornalista José Luis Sierra, editor colaborador da New America Media e editor de pauta da cadeia de televisão em espanhol Mundo Fox.
O 9º Fórum de Austin foi realizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e pelos programas de mídia e de América Latina das Open Society Foundations. O arquivo em PDF do pequeno livro com o relatório do encontro pode ser baixado em duas versões, espanhol e inglês.
O Centro Knight Center também oeferece vários outros livros gratuitos em sua biblioteca digital , incluindo Conjunto de Diretrizes Éticas para Fazer Jornalismo na Web, As 10 Melhores Práticas para Redes Sociais, Ferramentas Digitais para Jornalistas, e Cobertura do Tráfico de Drogas e do Crime Organizado na América Latina e no Caribe.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.