Pelo menos 15 jornalistas foram agredidos por manifestantes e agentes policiais ontem na Cidade do México, durante a cobertura do 45 º aniversário do massacre de estudantes em 1968. A organização Repórteres Sem Fronteiras ( RSF) condenou a violência contra a imprensa .
RSF pediu à Promotoria Especial que a Atenção a Crimes contra a Liberdade de Expressão (FEADLE) investigasse a fundo o caso para punir os responsáveis .
A organização disse que a banalização da violência contra jornalistas prejudica a cobertura desses eventos, enfatizando que sem jornalistas a mensagem dos manifestantes não seria ouvida pelo público.
Guillermo Barros repórter da Agence France- Presse (AFP) disse à RSF que ele estava " cobrindo a marcha nas proximidades da (a avenida) Reforma, quando a polícia começou a bater nas pessoas para se dispersarem. Quando me identifiquei como imprensa, um policial veio por trás e me bateu na cabeça”.Barros e quatro colegas foram atacados pela polícia.
O fotógrafo Omar Franco, do jornal El Sol de México, também foi atingido na cabeça. A jornalista Nayeli Roldán do Efekto Noticias ficou sem seu equipamento. A maioria dos jornalistas foram atacados pelas forças de ordem, e alguns jornalistas independentes, como Daniela Paniagua e Alejandro Medina, foram presos e libertados logo em seguida
Segundo CNNMéxico, Héctor Serrano, secretário de Segurança Pública do Governo do Distrito Federal, afirma que “não há relatos de ataques a cidadãos" e que 99% da marcha de 2 outubro foi pacífica, com exceção de "uma média de 200 pessoas" participaram com capuz na manifestação originando pequenos motins.
A Cruz Vermelha Mexicana informou através de sua conta no Twitter, que trataram 51 pessoas feridas durante a marcha, 47 delas com ferimentos ligeiros.
A organização Artigo 19 que defende os direitos humanos e a liberdade de expressão, documentou os eventos ocorridos durante a marcha em tempo real, publicando no seu site a lista de jornalistas atacados. A Polícia foi responsabilizada por 90% desses ataques, de acordo com suas informações.
A organização informou Também informou que a polícia disparou mísseis contra os manifestantes, tendo registrado durante o evento “a presença de policiais vestidos à paisana”.
Artigo 19 pediu às autoridades no México a adoção de protocolos que permitam uma "relação saudável entre a aplicação da lei e os meios de comunicação".
Um dos membros das associações que convocaram a manifestação pacífica de ontem, Felix Hernandez Gamundi do Comité 68 classificou como “intimidador” o comportamento dos agentes policiais durante a marcha.
O México é um dos países mais perigosos do mundo para exercer o jornalismo, registrando 88 jornalistas mortos e 17 desaparecidos nos últimos 10 anos.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.