Em uma nota publicada nesta quarta-feira, 31 de julho, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) manifestou "preocupação" a respeito das "abruptas medidas econômicas contra jornalistas e empresas jornalísticas" determinadas pela Justiça e pelo Ministério Público na Venezuela.
Segundo a organização, as medidas são parte de uma campanha de hostilidades do governo Nicolás Maduro contra meios de comunicação. A SIP pediu "maior transparência" nos processos judiciais que envolvem empresas e profissionais.
Dois casos recentes nos quais o Ministério Público do país pediu o congelamento de bens de executivos de veículos de comunicação com linha editorial crítica ao governo motivaram a nota.
O primeiro deles afetou as contas do jornalista Leocenis García, presidente do Grupo 6to Poder. A medida é parte de uma acusação contra ele por lavagem de dinheiro, evasão fiscal e financiamento do terrorismo. Contas bancárias do grupo também foram congeladas.
Em uma nota emitida no dia 24 de julho, García explica que o bloqueio às contas do grupo representa o encerramento das atividades dos veículos 6to Poder, El Comercio, 6toPoderWeb, Revista Usex, 6to Poder Datos, 6to Poder Radio. “Não recebemos uma só notificação. Por trás [da medida] há o uso e abuso do poder, mas sem baixar a cabeça recebemos este golpe".
No segundo caso, Miguel Henrique Otero, editor do jornal El Nacional, um dos maiores veículos de oposição da Venezuela, teve suas contas e propriedades congeladas em ação divulgada, via Twitter, pela procuradora-geral Luisa Estela Díaz.
De acordo com Díaz, o bloqueio faz parte de uma investigação sobre enriquecimento ilícito o ex-prefeito de Caracas, que processa Otero por uma suposta dívida de 3,5 milhões de dólares.
Em comunicado, o Colegio Nacional de Periodistas (CNP) repudiou as medidas que "fecham meios de comunicação por via indireta, mediante pressões fiscais, econômicas ou judiciais, o que compromete a liberdade de expressão e de informação no país".
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
