Por Lucia Benavides
A polícia invadiu e confiscou material jornalístico da emissora de radio e site de notícias La Brújula 24, da cidade de Bahía Blanca na província de Buenos Aires, Argentina. A polícia local chegou à redação com uma ordem judicial assinada pelo juiz federal Santiago Ulipano Martínez.
O ataque foi imediatamente condenado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas ( CPJ ), que o considerou uma violação aos princípios básicos da liberdade de imprensa, protegida pela Lei argentina.
"Instamos as autoridades argentinas a devolver todo o material apreendido e permitir que La Brújula 24 continue informando sobre um caso de interesse público sem mais obstrução e assédio", disse Carlos Lauría, coordenador do programa para as Américas do CPJ .
Desde fevereiro deste ano, La Brújula 24 começou a transmitir gravações das chamadas telefônicas que envolvem Juan Ignacio Suris, um empresário preso por acusações de lavagem de dinheiro e vínculo com o narcotráfico. Suris negou todas as acusações, insistindo que a causa "foi armada".
O governo argentino obteve as conversas por meio de escutas telefônicas que atualmente está utilizando no caso Suris, mas não se sabe como La Brújula 24 obteve as gravações. As chamadas telefônicas transmitidas, além de incriminar Suris, envolvem funcionários policiais e governamentais.
A invasão, que ocorreu em 28 de outubro, apontou uma parte de uma gravação que seria difundida por La Brújula 24, onde um traficante de drogas não identificado -presumidamente Suris- falava de sua amizade com um juiz local. A emissora começou a divulgar esse material, mas a polícia interveio 2 dias antes da data prevista para sua emissão.
Segundo Germán Sasso, um dos diretores de La Brújula 24, o juiz Martínez ordenou a invasão com o objetivo de descobrir a fonte que vazou as gravações à emissora de notícias. O juiz, contudo, afirmou que as ordens vieram do Escritório da Procuradoria Geral. Depois de entrar no edifício, as autoridades mexeram em computadores, memórias USB e distintos materiais jornalísticos, em busca de informação relacionada com as gravações de Suris.
Os advogados que representam La Brújula 24 planejam apresentar um pedido para anular a apreensão, sob o argumento de que viola os direitos constitucionais da publicação. "Os jornalistas têm uma proteção constitucional, mas o juiz não parece entendê-la", acrescentou Sasso.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.