Por Yenibel Ruiz
O jornalista investigativo salvadorenho Óscar Martínez é um dos quatro vencedores do Prêmio Internacional à Liberdade de Imprensa 2016, concedido pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Martínez, que trabalha para o site digital de notícias El Faro, de El Salvador, “informa sobre a violência de gangues e as execuções extrajudiciais no país.”
Em 2008, Martínez entrou para a equipe do El Faro, realizando coberturas sobre migração na América Central, especificamente sobre os migrantes que cruzam a fronteira através do México, segundo o CPJ.
"Durante dois anos e meio, ele seguiu os migrantes que viajavam para o norte e documentou os abusos que sofreram, incluindo sequestros em massa, estupro, tráfico de pessoas e massacres,” escreveu o CPJ.
Dezoito dessas histórias foram escritas entre 2008 e 2009, e foram publicadas no livro “Os Migrantes Não Importam”(2010). Este projeto também produziu um livro de fotografias e um documentário. Martínez também escreveu crônicas sobre esta jornada no livro “A Besta”, que atraiu a atenção internacional e foi publicado em diferentes idiomas. Seu livro mais recente, "Uma História de Violência”, relata a violência e a criminalidade na América Central.
Em 2011, Martínez foi co-fundador da seção Sala Negra no El Faro, que investiga a violência na América Central. É nesta seção que foram publicadas as investigações sobre execuções extrajudiciais supostamente realizadas pela polícia.
Ele recebeu ameaças por causa de suas reportagens, algumas das quais levaram à sua saída temporária do país por até três semanas, de acordo com o CPJ.
Por exemplo, em 16 de julho de 2014, Martínez foi preso por policiais da Divisão de Anti Narcóticos (DAN) quando retornava de uma de suas investigações.
"Três agentes do serviço 911 tiraram minha camisa para verificar se eu tinha tatuagens e me mantiveram com as mãos na cabeça até que chegassem dois agentes da Divisão de Anti Narcóticos (DAN) vestindo balaclavas [capuz de malha que cobre o rosto], um deles com uma grande arma,” disse Martínez naquela ocasião, segundo El Faro.
Além disso, em agosto de 2015, ele recebeu ameaças nas redes sociais depois do El Faro ter publicado uma reportagem sobre um "espancamento brutal" que os policiais deram num suspeito durante uma operação policial e uma outra notícia sobre oito pessoas que foram mortas por agentes de segurança em uma outra operação policial.
O Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2016 também foi concedido a Mahmoud Abou Zeid, do Egito, Malini Subramaniam, da Índia, e Can Dündar, da Turquia.
"Estes quatro corajosos jornalistas arriscaram a liberdade – e a vida – para informar a sociedade e a comunidade internacional sobre eventos noticiosos críticos,” disse Joel Simon, diretor-executivo do CPJ, no site da organização. “O CPJ tem o prazer de homenagear esses jornalistas, que, diante da repressão e da violência, continuam a difundir notícias de vital importância."
Em 14 de julho, Martínez e outros jornalistas do El Faro receberam o "Reconhecimento à Excelência Jornalística” na quarta edição do Prêmio de Jornalismo Gabriel García Márquez.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.