Autoridades informaram à revista semanal mexicana Zeta que um grupo de criminosos ordenou um ataque ao veículo, após a publicação de fotos de supostos membros de um cartel de crime organizado na capa do número do dia 25 de novembro, segundo a Zeta.
A Zeta reportou no dia 28 de novembro que o Grupo de Coordenação de Segurança da Baja California alertou sobre a ameaça do Cártel Jalisco Nueva Generación (CJNG).
A capa em questão mostrava fotos de dez homens, acompanhados da manchete “Os mais procurados do CJNG no BC [Baja California].” A Zeta afirmou que a maioria, mas não todos, eram membros do CJNG.
A Zeta assegurou que a inteligência estatal descobriu que um dos homens que apareceu na capa ordenou que os escritórios da revista fossem baleados no dia 27 de novembro, quando ninguém estivesse por perto, para servir como um aviso. O suspeito, identificado como Israel Alejandro Vázquez Vázquez, aparentemente se incomodou que as autoridades tenham dado fotos suas e de outros à Zeta, o semanário reportou.
O ataque não foi realizado e possivelmente foi adiado, de acordo com a Zeta.
"Quem trabalha na Zeta mantém seu compromisso com o jornalismo de investigação, de contestação e de denúncia, sobre pessoas do governo, das instituições ou do crime, que pretendem manter a impunidade para atacar a sociedade na qual trabalhamos", comunicou o artigo da Zeta.
Logo que as ameaças foram denunciadas, a Associação Interamericana de Imprensa (SIP) convocou as autoridades a proteger os funcionários da Zeta.
"Desde seu lançamento em 1980, a Zeta tem sido uma referência de jornalismo independente na luta contra o narcotráfico no México", comunicou um comunicado da SIP.
Recentemente, a co-diretora da Zeta, Adela Navarro Bello, denunciou um suposto plano das autoridades locais para realizar uma campanha de difamação contra ela. Em um editorial do dia 4 de novembro, Navarro afirmou ter recebido informações sobre a campanha para publicar "infâmias" sobre sua vida privada.
A Zeta é uma das publicações mais ousadas no México. Seu slogan é "Livre como o vento". A revista semanal sofreu vários ataques graves ao longo dos anos com suspeitos tanto no governo quanto no crime organizado. O co-diretor e co-fundador Héctor Félix Mirando foi morto em 1988. O co-fundador Jesús Blancornelas sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1997, que terminou matando seu guarda-costas. E o editor Francisco Javier Ortiz foi assassinado em 2004.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.