Adela Navarro Bello, co-diretora da publicação semanal mexicana Zeta, no estado de Baja California, denunciou um suposto plano das autoridades estaduais para realizar uma campanha de difamação contra ela.
Em um editorial publicado no dia 4 de novembro, intitulado "Jornalismo investigativo versus campanhas de difamação", Navarro Bello alegou ter recebido informações de diferentes pessoas por diversos meios sobre a suposta campanha de difamação contra ela, que seria liderada pelo governador do estado, Francisco Vega de Lamadrid. Ela acrescentou que em alguns casos foi mencionado que a campanha incluía a jornalista Dora Elena Cortés Juarez da Agencia Fronteriza de Notícias (AFN).
De acordo com Navarro Bello, a campanha publica "infâmias" sobre sua vida privada. A suposta existência de uma campanha também foi relatada em outros jornais como El Mexicano, El Informador, o site AFN Noticias, a Radio Enciso e redes sociais, acrescentou.
Navarro Bello também disse que os jornalistas no estado de Baja California têm sido vítimas de difamação há três anos, quando o atual governador começou seu mandato. "Pode ser uma coincidência ou um ato premeditado, mas isso já aconteceu", escreveu ela.
"Se a questão que os preocupa é jornalística, estamos a seu serviço e publicamente no mesmo lugar onde este projeto jornalístico começou há 36 anos. Não nos escondemos nem voltamos para o anonimato. Somos responsáveis, assinamos nossos artigos, apoiamos o que foi publicado aqui pela equipe de editores, repórteres e fotógrafos ", escreveu ela no editorial.
Ela também assegurou que eles estão disponíveis para receber informações e esclarecimentos e estão, inclusive, dispostos a ouvir caso as autoridades queiram um direito de resposta, embora Navarro Bello tenha dito que pedidos de declarações à mídia são sempre recusados.
Segundo a diretora, as razões para esta campanha de difamação podem ser as publicações que o jornal fez sobre a má gestão da administração pública e condutas irregulares denunciadas pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, entre outros artigos.
Por fim, ela assegurou que continuará com seu trabalho, já que os jornalistas já enfrentaram outros tipos de obstáculos no passado: eles foram ameaçados por traficantes de drogas e foram pressionados por políticos e outros líderes.
"Aqueles que, a partir do anonimato, com recursos públicos e infra-estrutura governamental, tentam pressionar para impedir a publicação de irregularidades, dizemos que continuaremos com ZETA, apesar das ameaças, fazendo jornalismo investigativo, respondendo às queixas de cidadãos, próximos à sociedade e distanciados do governo", concluiu o editorial.
Em um artigo do dia 5 de novembro, é dito que, em um evento organizado pelo governador, o político se recusou a responder a perguntas sobre a suposta campanha de difamação.
Em comunicado à imprensa, a Comissão Estadual de Direitos Humanos de Baja California (CEDHBC) anunciou que abriu uma sindicância "para investigar possíveis violações de direitos humanos de jornalistas da entidade", depois que a campanha foi relatada em diferentes meios de comunicação.
"Nós nos comunicamos com os jornalistas que foram alvo desta ameaça contra seus direitos de exercer livremente sua profissão", disse a chefe da comissão de direitos humanos do estado, Melba Adriana Olvera, segundo o comunicado. "A intenção é que os jornalistas em nosso estado tenham em mente que eles têm o respaldo da CEDHBC e caso sejam provadas que autoridades governamentais estão ameaçando direitos fundamentais, nós iremos aumentar a nossa voz".
A Comissão acrescentou que ficaria atenta a estes casos, embora não se referisse especificamente a qualquer meio de comunicação.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.