O 14º Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo homenageou trabalhos que revelaram execuções extrajudiciais no México, conflitos violentos por terra e madeira no Brasil e tráfico de patrimônio cultural histórico em toda a região.
De acordo com um comunicado do Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS), organizador do prêmio juntamente com a Transparência Internacional (TI), três trabalhos foram reconhecidos como vencedores e outros dez ganharam menções honrosas. Eles foram escolhidos a partir de um conjunto inicial de 266 reportagens veiculas na mídia impressa, na rádio, na televisão e em plataformas digitais, número posteriormente reduzido a 33.
O IPYS disse que o júri quis destacar trabalhos sobre violações de direitos humanos, incluindo massacres e execuções extrajudiciais, além de corrupção. O instituto também quis reconhecer projetos transnacionais que refletissem a colaboração de meios de comunicação diversos na região.
O primeiro lugar foi para "Fueron los Federales" (Foram os Federais, em espanhol), da jornalista mexicana Laura Castellanos, publicado pelo site Aristegui Noticias e pela revista Proceso.
A reportagem de Castellano revelou como agentes federais atiraram e mataram 16 civis desarmados em Apatzingán, contradizendo versões iniciais de autoridades, que disseram que os policiais foram apanhados em "fogo cruzado". O jornal El Universal, para o qual Castellanos trabalhava como freelancer, recusou-se a publicar sua reportagem. O trabalho da jornalista foi mais tarde reconhecido com o Prêmio Nacional de Jornalismo.
"Castellanos fez uma incansável busca por testemunhos em uma área de alto risco e lutou para garantir que a história fosse conhecida pelo público, apesar das tentativas de censura para impedir sua circulação", disse o comunicado da IPYS.
A equipe formada por André Borges, Leonencio Nossa, Dida Sampaio, Helvio Romero, Luciana Garbin, Fábio Salles e Everton de Oliveira, do jornal O Estado de S. Paulo, ficou em segundo lugar pela reportagem "Terra Bruta" .
O trabalho nasceu após sete meses de investigação em vários estados brasileiros sobre conflitos rurais por terra e madeira. "A jornada desta equipe jornalística em vários estados permitiu a elaboração de um quadro que expôs como este tráfico serve de fonte de financiamento de campanhas de autoridades eleitas e gera violência pelo controle de terras, ao custo da vida de centenas de pessoas", escreveu o IPYS.
O projeto transnacional "Memoria Robada", coordenado por David Hidalgo, do site peruano Ojo Público, foi premiado com o terceiro lugar. Os seguintes meios de comunicação trabalharam no projeto: Ojo Público (Fabiola Torres e José Luis Huacles), o jornal La Nación, da Costa Rica (Hassel Fallas e Lorenzo Pirovano), o site da Guatemala Plaza Pública (Julie López), o site da Argentina Chequeado (Catalina Oquendo), e o site do México Animal Político (Tania Montalvo e Arturo Daen).
Uma investigação transnacional de seis meses levou a várias publicações nos diversos meios de comunicação, que mostraram casos e números do tráfico de patrimônio cultural na América Latina. Como contou Hidalgo, o projeto expôs antiquários, políticos, narcotraficantes, colecionadores e diplomatas.
As seguintes reportagens receberam menção honrosa do IPYS e da TI:
Santiago O’ Donnell, da Argentina, Fernando Rodrigues, do Brazil, Giannina Segnini, da Costa Rica, Lise Olsen, dos Estados Unidos, e Ewald Scharfenberg, da Venezuela, participaram do júri.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.