Apesar de medidas tomadas por autoridades e veículos de comunicação para aumentar a segurança dos jornalistas, diariamente expostos à violência do narcotráfico, os ataques contra a imprensa continuam no México. Nos últimos meses, os profissionais têm organizado manifestações, na tentativa de conter a violência.
A morte recente de um jornalista, cujo corpo foi encontrado em uma fossa clandestina (após ser raptado), e o desaparecimento de outro, sequestrado por homens armados, motivaram protestos contra a violência, informou a Televisa.
Depois de sete dias percorrendo as principais cidades do país, o escritor e jornalista Javier Sicilia encerrou sua marcha no dia 10 de junho, em Ciudad Juárez, a mais violenta do México. Sicilia, que perdeu o filho, vítima da violência do narcotráfico, em abril, visitou também a cidade americana de El Paso, no Texas, e conversou com simpatizantes do movimento que discute a responsabilidade dos Estados Unidos na onda de violência que assola o México. "Os Estados Unidos têm uma grande responsabilidade em tudo isso; quando seus cidadãos permanecem em silêncio, nos impõem a guerra", afirmou, citado pelo Terra.
Em Acapulco, na região Oeste do México, colegas de Marco Antonio López Ortiz, sequestrado no dia 7 de junho, também foram às ruas para pedir que o jornalista seja libertado com vida, noticiou a Radio Fórmula. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF), porém, tem poucas esperanças de que isso aconteça. "O último caso de desaparecimento de um profissional de mídia registrado no México nos faz temer o pior".
O México é o país mais perigoso das Américas para o exercício do jornalismo, por causa da violência ligada ao narcotráfico. Desde 2006, quando o governo do país declarou guerra aos traficantes, aproximadamente 35 mil pessoas já morreram. Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), cerca de 70 jornalistas foram assassinados desde 2000.
Três repórteres que se exilaram nos Estados Unidos após receberem ameaças de morte no México pediram às autoridades que agilizem a aprovação de suas solicitações de asilo, pendentes há vários meses, informou a AP.
Os repórteres Emilio Gutiérrez, Ricardo Chávez e Alejandro Hernández já afirmaram que não voltarão para o México. Gutiérrez disse ainda que está vivendo em um "limbo legal".
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.