Por Maira Magro
Depois do mal-estar gerado por sua afirmação de que "a Argentina é um país dividido em dois", publicada pela revista uruguaia Búsqueda e reproduzida com destaque pelo jornal argentino Clarín, o presidente do Uruguai, José Mujica, acusou a imprensa dos dois países de manipular suas declarações: "Querem me usar para dar razão às diferenças de fundo que têm na Argentina, e me parece que isso não serve para nada, especialmente quando as declarações são tiradas de contexto", afirmou o presidente, em entrevista exclusiva ao jornal argentino Miradas al Sur.
As críticas foram dirigidas a três veículos em especial: "Se na Argentina derem bola ao Clarín, (ao tradicional jornal uruguaio) El País e Búsqueda...", continuou Mujica. "Aqui no Uruguai estão numa campanha para que apareçam contradições de nossa força política, e fazer parecer que estamos nos matando, e no plano internacional, estão buscando tudo o que possa aparecer que sirva para uma fratura".
A entrevista foi amplamente repercutida pela imprensa uruguaia, como nesta matéria do El Espectador, num momento em que os dois países discutem o monitoramento conjunto do rio Uruguai. O chanceler argentino Héctor Timerman, conhecido pela relação conflituosa com a grande imprensa no país, também declarou que fez um acordo com o presidente uruguaio para "não cair nas provocações de alguns meios de comunicação de oposição" em ambos os países, relatou a agência de notícias Télam.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.