Por Maira Magro
O ministro do Interior da Argentina, Florencio Randazzo, acusou a dona do Clarín, Ernestina Herrera de Noble, e seus dois filhos de “obstrução à Justiça”, por dificultarem a ação judicial para determinar se os irmãos são filhos de desaparecidos durante a ditadura (1976-1983), informou a Europa Press. O Banco Nacional de Dados Genéticos da Argentina afirmou esta semana que não pôde concluir o exame genético no material entregue pelos irmãos no processo que busca revelar seus verdadeiros pais biológicos, informou a AFP.
Instituições de direitos humanos suspeitam que Marcela e Felipe Noble Herrera, adotados quando bebês pela dona do Clarín, sejam filhos de pessoas desaparecidas durante o regime militar. Segundo o banco de dados genéticos, as roupas que os irmãos entregaram para o exame de DNA estavam “contaminadas”, ou seja, cada peça continha o perfil genético de diversas pessoas. Por isso, não foi possível identificar o perfil genético dos irmãos. Os Noble Herrera haviam se recusado a oferecer amostras de sangue para o teste de DNA.
As Avós da Praça de Maio, que reúnem avós de desaparecidos durante a ditadura, sugeriram que os irmãos entregaram roupas contaminadas com a intenção de atrapalhar o exame, afirmou o jornal Página 12. A organização já ajudou 101 jovens sequestrados durante a ditadura, adotados ilegalmente por militares e simpatizantes do regime, a encontrar suas famílias biológicas.
Os advogados dos irmãos Noble Herrera negaram a tentativa de obstruir a Justiça e divulgaram uma carta acusando o Estado, o tribunal responsável pelo caso, a polícia federal e o banco de dados genéticos pelo fracasso nos exames de DNA, informou o Clarín. O documento também diz que os irmãos estão sofrendo um “assédio judicial, político e midiático”.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.