Por meio da fotografia, jornalistas podem revelar verdades, expor injustiças e contar histórias que podem passar despercebidas.
“Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece. Espero que a pessoa que entrar numa exposição minha não saia a mesma”, disse o famoso fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado.
Mesmo assim, pode ser difícil para os profissionais por trás das lentes encontrarem concursos, bolsas e prêmios que impulsionem suas carreiras e lhes permitam continuar a informar por meio de imagens. Ainda mais em uma realidade em que a sustentabilidade da mídia e do jornalismo está em jogo e os recursos são escassos.
A LatAm Journalism Review (LJR) apresenta uma lista de oportunidades internacionais que se destacam por seu apoio ao fotojornalismo e à fotografia documental. De prêmios para fotógrafos de viagem a bolsas para projetos humanitários e ambientais, esses recursos oferecem reconhecimento, apoio financeiro e mentoria para a realização de projetos fotográficos nos próximos meses.
As oportunidades abaixo estão listadas em ordem cronológica, com o prazo mais próximo aparecendo primeiro.
Há uma década, a Open Doors Gallery em Londres, Inglaterra, criou um concurso anual para descobrir os melhores talentos fotográficos emergentes de todo o mundo.
As inscrições para este ano estão abertas até 16 de agosto. A taxa de inscrição é de £15 (US$19).
Não há um tema específico a ser seguido. As inscrições devem ter entre 6 e 15 imagens e ser acompanhadas de uma descrição e contextualização.
Este prêmio celebra o espectro completo da arte fotográfica (colagem, documentário, retrato, conceitual, escultural, mídia mista, etc.). No entanto, a fotografia deve ser o elemento central do trabalho.
O vencedor receberá um prêmio em dinheiro de duas mil libras esterlinas, ou 2.550 dólares americanos. Também receberá mentoria e poderá expor seu trabalho na galeria.
Fotógrafos com até 24 anos de idade podem se candidatar à Bolsa Ian Parry e receber apoio financeiro, mentoria e assistência com seu trabalho. A ideia é apoiar os jovens na promoção de suas carreiras como fotojornalistas.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 31 de agosto de 2024. Os participantes devem enviar seu portfólio e uma ideia de projeto a ser desenvolvido após o recebimento da bolsa.
Dois prêmios serão concedidos este ano: o Tom Stoddart Award for Excellence e o lan Parry Grant. Cada vencedor receberá £10 mil, o equivalente a US$12.700. Ttambém receberão mentoria, equipamento fotográfico, revisão do portfólio e publicação de suas imagens no The Guardian.
A bolsa foi criada há três décadas em homenagem ao fotojornalista Ian Parry, que morreu aos 24 anos enquanto cobria a revolução romena para o The Sunday Times em 1989.
A organização humanitária global Action Against Hunger, fundada na França em 1979, lançou a segunda edição de sua Bolsa para Projeto de Nova Perspectiva Humanitária.
O vencedor terá que promover uma reflexão coletiva sobre o desenvolvimento da linguagem multimídia no campo humanitário. Para isso, receberá uma bolsa de 10 mil euros (cerca de 11 mil dólares americanos) para realizar um projeto, que será exibido a partir de outubro de 2025. Também receberá orientação de Azu Nwagbogu, presidente do júri da bolsa, diretor do LagosPhoto Festival e da African Artists Foundation.
As inscrições se encerram em 31 de agosto e são gratuitas.
A Vital Impacts, uma organização sem fins lucrativos liderada por mulheres, está oferecendo uma bolsa de US$ 20 mil a um fotógrafo ambiental estabelecido e seis bolsas de US$ 5 mil a fotógrafos emergentes de todo o mundo para o desenvolvimento de projetos de documentários com foco em histórias ambientais.
Além disso, a Vital Impacts selecionará dez fotógrafos emergentes para participar de um programa intensivo de mentoria e convidará todos os candidatos a participar de uma série de mentorias online.
A taxa para enviar uma proposta de projeto é de US$ 25 e o prazo para enviar sua proposta é 15 de setembro de 2024. Os vencedores serão anunciados em outubro.
A Vital Impacts está aberta a propostas de qualquer lugar do mundo, mas diz, em seu site, que está particularmente interessada em projetos relacionados à floresta Amazônica.
A Médicos del Mundo Espanha abriu a chamada para inscrições para a 28ª edição do Prêmio Internacional Luis Valtueña, que visa reconhecer e divulgar os melhores trabalhos de fotografia humanitária e documental.
"A organização está comprometida com a fotografia documental e o fotojornalismo para conscientizar o público sobre os problemas sociais e incentivar a mobilização dos cidadãos, com o objetivo de contribuir para a erradicação da pior doença de todas: a injustiça", diz a organização nas regras do prêmio.
Alguns desses problemas são: violação de direitos humanos, conflitos armados, refugiados, migração, crise de saúde, exclusão social, entre outros.
A chamada para inscrições se encerra em 4 de outubro. Não há custo para se inscrever.
O prêmio é de 6 mil dólares americanos para o vencedor. Além disso, todas as obras selecionadas, tanto a série vencedora quanto as finalistas, farão parte de uma exposição itinerante produzida pela Médecins du Monde.
Luis Valtueña foi um fotógrafo espanhol e colaborador da Médecins du Monde que morreu em Ruanda em 1997, enquanto trabalhava para a organização.
Até 6 de outubro de 2024, fotógrafos de todo o mundo podem concorrer nas diferentes categorias do Prêmio Travel Photographer of the Year.
Há prêmios em 4 categorias para portfólios e 4 categorias para imagens individuais. Há também uma categoria especial para jovens fotógrafos, um prêmio para talentos emergentes e o prêmio geral para o melhor fotógrafo de viagens.
As taxas de inscrição variam de US$ 12 a US$ 55, dependendo da categoria. O vencedor pode ganhar até US$ 2 mil.
O prêmio foi criado em 2002 por Chris Coe, um fotógrafo profissional de viagens, que estava cada vez mais frustrado com a percepção limitada da fotografia de viagens entre os compradores e editores de imagens, de acordo com o site do prêmio.
Essa bolsa destina-se a ajudar um fotógrafo a iniciar um projeto fotográfico, continuar um trabalho em andamento ou ajudar a concluir um projeto em andamento. Não há limites de idade ou restrições de local.
Este ano, o vencedor da Bolsa W. Eugene Smith Fellowship receberá US$ 30 mil. Serão concedidas outras duas bolsas, de US$ 10 mil e de US$ 7.500.
"O júri buscará um fotógrafo e um projeto que pareçam mais propensos a usar o fotojornalismo e a fotografia documental de maneira exemplar e convincente (possivelmente complementada ou incorporando multimídia) para abordar um tema de importância e impacto relacionado à condição humana", explica a Smith Foundation, responsável pela bolsa, em seu site.
A taxa de inscrição é de 50 dólares americanos. Os fotógrafos que não puderem pagar a taxa devem solicitar uma isenção de taxa a uma organização designada (listada no site) até 24 de setembro de 2024.
As inscrições se encerram em 8 de outubro de 2024 e os selecionados serão anunciados em dezembro.
O Fundo foi criado em 1979 para buscar e incentivar vozes fortes e independentes, em homenagem ao repórter e fotógrafo americano W. Eugene Smith. Também busca promover a fotografia humanista, um movimento cujo principal objetivo é destacar a figura humana nas imagens.
O Pictures of the Year International, que começou em 1944, é um programa do Donald W. Reynolds Journalism Institute da Missouri School of Journalism. Esse concurso de fotografia "mostra o valor do fotojornalismo e permite que as pessoas interpretem notícias e eventos históricos por meio de uma lente empática", de acordo com o site do programa.
As inscrições para o 82º POY Internacional serão abertas em dezembro para qualquer pessoa no mundo e custam 50 dólares americanos.
O POY Latam, criado em 2011, celebra a excelência em fotografia documental e artística na Ibero-América.
Cerca de 70 mil imagens de 1.500 fotógrafos foram enviadas em 2023, de acordo com o site do prêmio. O POY Latam, que é realizado a cada dois anos, tem várias categorias, como notícias, direitos humanos e esportes, entre outras.
A próxima edição será em 2025, mas a chamada para inscrições ainda não foi lançada. A inscrição é gratuita.
O prêmio de jornalismo de maior prestígio da América Latina também tem uma categoria de fotografia que, a cada ano, premia a melhor cobertura fotográfica da região.
As indicações para o Prêmio Gabo 2025 ainda não estão abertas, mas geralmente são abertas entre janeiro e fevereiro.
O vencedor deste ano foi “La noche de los caballos: el rescate equino más grande de América del Sur, de Anita Pouchard Serra para a Revista Gatopardo. O júri considerou o trabalho uma "reportagem fotográfica necessária, crua e denunciadora, com uma poderosa carga de ternura e reflexão sobre a vida multiespécie do planeta".
Como parte de seus Prêmios à Excelência Jornalística, a Sociedade Interamericana de Imprensa tem uma categoria para fotografia e vídeo.
O primeiro lugar recebe US$ 2 mil. As indicações para 2024 já foram encerradas, mas a chamada para inscrições geralmente é aberta entre junho e maio de cada ano.
A SIP acaba de anunciar os finalistas do prêmio deste ano, que incluem projetos da Mullu TV e Mongabay Latam, The Outlaw Ocean Project e La Nación, da Argentina.