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Após um ano do assassinato da jornalista Regina Martínez no México, movimento para exigir proteção à imprensa se fortalece

Para marcar o primeiro aniversário do assassinato da jornalista mexicana Regina Martinez, centenas de jornalistas em cerca de 20 cidades do México realizaram protestos no domingo, 28 de abril, para exigir proteção à imprensa e apuração e punição nos crimes contra jornalistas. Pelo Storify e Tumblr, os jornalistas publicaram imagens e textos sobre os assassinatos e ataques impunes contra a profissão.

Em 28 de abril de 2012, a correspondente da revista Proceso em Veracruz foi encontrada morta no banheiro de sua casa na cidade de Xalapa com sinais de estrangulamento e golpes. Martinez tinha uma carreira jornalística de 20 anos, a metade deles na revista Proceso, onde escreveu sobre assassinatos a candidatos políticos, desastres naturais, violações aos direitos humanos e denúncias de corrupção do governo estadual. Um dos casos mais relevantes que a jornalista investigou foi o assassinato de uma indígena que foi violentada por membros do exércicto, mas que as fontes oficiais divulgaram que havia morrido por “anemia aguda”, segundo contou Darío Ramírez, da Artigo 19, à revista Gatopardo.

Um dia antes de morrer, a jornalista publicou sobre o assassinato de um líder político e a prisão de nove policiais municipais acusados de ter vínculos com o crime organizado.

Depois de sua morte, outros quatro jornalistas mexicanos foram assassinados no mesmo estado de Veracruz em 2012, somando um total de nove assassinatos em 18 meses e tornando o estado um dos 10 lugares do mundo mais perigosos para a imprensa. No início de abril, um homem foi sentenciado a 38 anos de prisão pelo homicídio da jornalista, contudo, a revista Proceso e organizações como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e Artigo 19 denunciaram as inconsistências na investigação do caso. Entre elas, que o acusado Jorge Antonio Hernández Silva disse que foi submetido a métodos de tortura para confessar o crime e que nenhuma das impressões digitais na cena do crime correspondem à do suposto responsável.

Diante da indignação, organizações internacionais e nacionais pressionaram o governo mexicano a esclarecer os crimes contra a imprensa e dar proteção a jornalistas em situações de risco. Um dos resultados foi a recente aprovação da federalização dos crimes cometidos contra a imprensa, assim como a criação do Mecanismo de Proteção a Jornalistas. Entretanto, Mike O’Connor, representante do México no CPJ, questionou "o que vai acontecer se (o procurador) não quiser usar essa faculdade?” Para ele, um novo caso de impunidade vai testar a força do movimento iniciado por organizações de notícias no país.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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