A prisão por mais de sete horas de três repórteres venezuelanos pela Polícia Militar no último dia 2 de novembro continua sendo repudiada por comunicadores após ficar público que o Governo havia convocado os jornalistas ao local onde foram detidos.
A crítica se relaciona com o fato de que um dos argumentos utilizados para incriminar os repórteres foi o de violação à zona de segurança, embora o Ministério da Defesa tenha convidado os jornalistas, informou o diário El Universal. As declarações foram feitas em uma coletiva de imprensa nesta quarta, 6 de novembro, quando o secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), Marco Ruiz, mostrou a cópia do correio no qual os profissionais são convidados a cobrir a Feira de Natal, acrescentou o diário.
O fotojornalista Jorge Santos e os jornalistas Eliscart Ramos e Dayana Escalona, todos do periódico Diario 2001, foram detidos enquanto cobriam o evento. Depois de uma confusão no local e da intervenção da polícia militar, Santos começou a tirar fotos e um militar tentou confiscar sua câmera. Depois de não ter conseguido, chamou outros militares e um general da brigada agarrou o jornalista pelo pescoço e começou a asfixiá-lo, segundo o El Universal.
O presidente do país, Nicolás Maduro, declarou que os repórteres foram detidos porque estavam “provocando violência”, de acordo com a AFP. Apesar dos comunicadores terem sido liberados no mesmo dia, denunciaram que foram agredidos pelas forças militares.
Tanto o Colegio Nacional de Periodistas, CNP, como o Círculo de Reporteros Gráficos de Venezuela questionaram “a criminalização do trabalho jornalístico” e o fato de que os meios acabam sendo a notícia no país, publicou o El Universal.
O Ministério Público já havia aberto uma investigação contra Diario 2001 depois que o veículo publicou, em 10 de outubro, uma notícia relacionada com uma possível escassez de gasolina em Caracas (capital do país). O fato provocou uma rápida reação de Maduro, que pediu a prisão dos responsáveis pela informação, segundo a AFP.
Em setembro, o presidente pediu ao poder judiciário e ao MP “medidas especiais” para poder punir os meios de comunicação que informaram sobre o desabastecimento no país. Seu argumento foi de que se tratava de uma guerra psicológica por parte da imprensa.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.