Por Ingrid Bachmann
As autoridades mexicanas estão investigando a morte do repórter policial Carlos Guajardo, mas o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) pediu uma apuração exaustiva que esclareça se militares do Exército atiraram no jornalista.
Guajardo morreu no dia 5 de novembro, durante um tiroteio entre integrantes do crime organizado e homens do Exército mexicano em Matamoros. A imprensa tem citado testemunhas segundo as quais os militares confundiram o jornalista com um dos bandidos armados.
No entanto, a secretaria de Defesa Nacional assegurou, em nota, que o repórter “foi atingido por tiros disparados por um grupo de indivíduos que viajava em oito veículos", não por soldados, acrescentou o jornal El Mundo.
O México se transformou em um dos países mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) estima que, desde 1987, 106 profissionais foram assassinados no país, informou o La Crónica de Hoy. Esses números “dão calafrios”, disse o presidente da SIP, Alejandro Aguirre, durante a 66ª Assembleia Geral da organização.
Se a violência e as ameaças aos jornalistas têm restringido as liberdades de imprensa e de expressão, a SIP alerta que 95% dos crimes contra comunicadores permanecem impunes e pediu ao governou que faça mais para proteger os profissionais, noticiou o site Vanguardias.
Para o presidente mexicano Felipe Calderón, que participou como orador da assembleia da SIP, o crime organizado é o maior risco ao exercício do jornalismo. Segundo ele, em nenhuma nação democrática os comunicadores estão livres de agressões ou ameaças, divulgou a agência Notimex.
O presidente também pediu aos meios de comunicação que não caiam no jogo dos criminosos e contribuam para a solução da violência generalizada, assinalou o La Jornada. Seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, disse palavras semelhantes.
Ainda assim, Calderón prometeu que “nunca haverá nem mordaças nem censura a qualquer meio de comunicação” no México, reportou a agência EFE. Entretanto, em junho passado, o CPJ criticou o governo pelo assédio e pelos ataques de forças federais a jornalistas que cobrem temas de segurança, incluindo ameaças de prisão e tentativas de confiscar câmeras fotográficas.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.