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Blogueiro do Maranhão se torna o segundo comunicador assassinado no país em menos de uma semana

Duas pessoas a bordo de uma motocicleta atiraram fatalmente no blogueiro brasileiro de 30 anos Ítalo Eduardo Diniz Barros no dia 13 de novembro, em Governador Nunes Freire, Maranhão. Um amigo que estava com Diniz também foi baleado, mas sobreviveu, segundo o portal G1.

A polícia militar confirmou que Diniz havia recebido ameaças pelas publicações feitas em seu blog, informou G1.

Em 2011, Diniz criou seu blog ItaloDiniz.com,que segundo ele  “nasceu de uma vontade popular de querer um veiculo de comunicação que reivindicasse o direito do povo”.

Diniz publicava entrevistas com funcionários públicos e histórias sobre acusações contra eles. Também escrevia sobre acidentes locais e eventos programados. Havia uma seção em seu blog onde os leitores podiam enviar suas próprias acusações.

polícia não descartou a possibilidade de que o assassinato de Diniz esteja relacionado com seu trabalho.

“É cedo para falar sobre os motivos, mas existem especulações sobre que a vítima faria postagens de cunho político e teria desagradado políticos ou outras pessoas da região. Obviamente, em se tratando de um blogueiro, de um profissional que trabalha com informação, essa linha não pode ser desprezada. ”, disse o delegado geral da Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros, segundo o G1.

Alguns amigos disseram ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ na sigla em inglês) que Diniz havia recebido ameaças de morte, uma delas ele relatou a um colega três dias antes de seu assassinato.

Os blogueiros da cidade agora “temem por sua segurança”, informou o CPJ.

A organização citou um amigo que acredita que o assassinato de Diniz esteja relacionado com seus textos e disse que o blogueiro criticou o ex-prefeito, o que provocou a ira dos partidários do político.

Diniz também trabalhava como chefe de imprensa para o atual prefeito de Governador Nunes Freire, segundo o CPJ.

A organização de defesa da imprensa exigiu que as autoridades locais investiguem o caso a fundo.

“Jornalistas no Brasil devem poder reportar as notícias sem medo de represálias, a violência letal está silenciando as vozes críticas e limitando seriamente a habilidade dos brasileiros de se engajar em vigorosas discussões sobre temas de interesse  público”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa do CPJ para as Américas, em um comunicado de imprensa do CPJ.

Em 16 de novembro, o deputado e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão fez um chamado pelo esclarecimento da morte de Diniz.

Notícias locais sobre a morte de Diniz recordaram o assassinato do popular jornalista e blogueiro político Décio Sá no mesmo estado, em abril de 2012. O CPJ vinculou o assassinato de Sá ao seu trabalho jornalístico.

Diniz é o sexto jornalista a ser assassinado no Brasil este ano e o segundo em menos de uma semana.

Em 10 de novembro, o jornalista de rádio comunitária Israel Gonçalves Silva foi morto a tiros em Lagoa de Itaenga, Pernambuco, no nordeste do Brasil.

A Polícia Civil de Pernambuco emitiu um comunicado em 17 de novembro informando que Luis Henrique da Silva Ferreira, também conhecido como 'Quita’, foi detido e confessou o assassinato de Silva, de acordo com a Voz da Mata Norte.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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