João Miranda do Carmo, do Brasil, e Marcos Hernández Bautista, do México, estão entre os 14 nomes adicionados no dia 5 de junho ao Memorial dos Jornalistas no Newseum, em Washington, D.C.
Estes jornalistas representam "todos aqueles que morreram em busca da notícia em 2016", de acordo com o museu, que promove a liberdade de expressão e a Primeira Emenda dos EUA. Tanto o México quanto o Brasil estão entre os países mais mortíferos para jornalistas em 2016, de acordo com o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Carmo foi morto no dia 24 de julho de 2016, em sua casa em Goiás. Na época, seus amigos disseram que o jornalista, dono do site SAD Sem Censura, recebeu ameaças de morte. De acordo com o Newseum, o chefe de segurança da prefeitura e seu filho foram presos pelo assassinato.
Hernández, correspondente do Noticias Voz e Imagen de Oaxaca, foi morto enquanto entrava em seu carro, no dia 21 de janeiro de 2016, na região de Costa, no estado de Oaxaca. Em 2017, o ex-comandante de polícia Jorge Armando Santiago Martínez foi considerado culpado pelo assassinato e sentenciado a 30 anos de prisão.
Os outros jornalistas adicionados ao memorial neste ano morreram no Afeganistão (2), na Índia, no Iraque (2), na Líbia, na Somália, na Síria (4) e na Ucrânia.
"Os jornalistas do ano passado enfrentaram perigos sem precedentes enquanto se esforçavam para reportar as notícias, muitas vezes em países onde a liberdade de imprensa está em perigo ou é inexistente", disse Gene Policinski, diretor de operações do Instituto Newseum, de acordo com um comunicado de imprensa.
Ao todo, os nomes de 2.305 repórter, fotojornalistas, trabalhadores de rádio e TV e executivos da mídia têm o nome no Memorial dos Jornalistas, monumento com dois andares e registros que começam em 1837. Entre os nomes homenageados, 535 foram mortos na América Latina.
Para coincidir com a inclusão dos nomes no memorial, o Newseum apagou a exibição das primeiras páginas de jornais de todo o mundo, que geralmente são uma das mostras diárias mais populares. Pelo terceiro ano seguido, também será promovida a campanha #WithoutNews (Sem Notícias) nas redes sociais para “chamar a atenção para as ameaças contra jornalistas em todo o mundo.”
Assim como este ano, os latino-americanos adicionados à lista em 2016 eram do México e do Brasil. O fotojornalista Rubén Espinosa Becerril foi morto em um apartamento na Cidade do México em 31 de julho de 2015. Gleydson Carvalho foi morto a tiros no dia 6 de agosto de 2015, enquanto gravava seu programa no Ceará.
O jornalista paraguaio Pablo Medina foi homenageado no Newseum no ano anterior. Ele e sua assistente, Antonia Almada, morreram em outubro de 2014 enquanto apuravam uma pauta perto da fronteira brasileira.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.