A Polícia Federal do Brasil e a Interpol capturaram um dos acusados do homicídio do jornalista e escritor Rodolfo Walsh, assassinado em março de 1977 durante a última ditadura argentina, informou o jornal Zero Hora. Walsh também era militante dos Montoneros, um grupo guerrilheiro peronista de extrema esquerda.
O ex-policial Roberto Oscar González, de 64 anos, era integrante do grupo de tarefas da Escola de Mecânica da Armada Argentina (Esma) e é acusado de diferentes crimes contra a humanidade cometidos durante a última ditadura argentina, entre eles ter sido parte da operaçao que matou Walsh, segundo o La Nación.
González foi capturado na cidade de Viamão, próximo a Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, onde viveu durante mais de 10 anos. Havia uma ordem de prisão da Interpol contra ele, informou o jornal O Globo. Após sua prisão, González ficou detido à espera de autorização para a extradição para a Argentina.
O homicídio do jornalista aconteceu um ano depois do golpe militar que derrubou Isabel Perón, acrescentou O Globo. Segundo o La Nación, em 1977 Walsh foi interceptado por um grupo de membros de diferentes forças armadas e de segurança. Ele foi baleado por um grupo de 25 a 30 pessoas quando tentou sacar uma pistola. Seu corpo foi levado à Esma e nunca foi encontrado, informou a agência Telam.
Alguns informantes disseram que a intenção do grupo havia sido capturá-lo para torturá-lo e obter informação, pois Walsh era tido como o “chefe de inteligência da organização Montoneros”, acrescentou o La Nación.
Walsh foi reconhecido por seus trabalhos jornalísticos. Seu livro de investigação jornalística Operación Masacre é um dos seus principais trabalhos, mas ele também é lembrado por sua participação na fundação da agência cubana Prensa Latina, do jornal da CGT dos Argentinos, do jornal Noticias, da agência clandestina Ancla “desde la que resistiu à última ditadura”, segundo a Telam.
No dia de seu assassinato, ele havia enviado sua famosa Carta aberta de um escritor à Junta Militar, onde denunciava publicamente “o plano de extermínio da ditadura”, segundo o site Infobae.
Junto con González vivia Pedro Osvaldo Salvia, outro ex-policial acusado de participar no assassinato de Walsh e que também era alvo de uma ordem de prisão da Interpol. Contudo, Salvia morreu em 17 de junho por um problema cardíaco. Seu corpo também aguarda o trânsito para a Argentina.
Além de González e de Salvia, pelo homicídio de Walsh também foram acusados outros oito membros da polícia, que não foram capturados, de acordo com a Telam.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.