Por Diego Cruz
Funcionários do canal venezuelano Cadena Capriles protestaram contra a censura do trabalho investigativo da jornalista Laura Weffer sobre protestos que ocorrem há mais de um mês no país. Na segunda-feira (17 de março), um dia depois da matéria ter sido censurada, a chefe de investigação, Tamoa Calzadilla, pediu demissão.
A matéria de Weffer, publicada pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, é uma crônica dos protestos ocorridos na praça Altamira no município de Chacao (Caracas). A reportagem inclui entrevistas com alunos e cidadãos que lideram os protestos contra a insegurança e a escassez de bens e com integrantes da Guarda Nacional Bolivariana, alojados no local desde que os protestos começaram há um mês. Alguns guardas se mostraram solidários às demandas da população, mas alegaram que às vezes ele fica fora de controle.
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Segundo o jornal Entorno Inteligente, Calzadilla pediu demissão do canal onde trabalhou por 15 anos, afirmando: "Não sou necessário, eles precisam de um articulador político." O jornalista explicou que enquanto os argumentos da reportagem são jornalísticos, as razões para não publicá-la foram políticas.
Pouco após a demissão de Calzadilla, jornalistas do Cadena Capriles se reuniram em assembléia e inciaram um protesto de seus escritórios, fixando cartazes com os dizeres "Jornalismo em primeiro lugar", informou o Colégio Nacional de Jornalistas (CNP). Segundo o CNP, a frase foi dita por Nathalie Alvaray, vice-presidente do canal Cadena Capriles que também pediu demissão em 7 de março devido a pressões do governo do presidente Nicolas Maduro.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.