Um juiz colombiano sentenciou Yean Arlex Buenaventura a 58 anos e 3 meses de prisão pelos assassinatos do jornalista Luis Peralta Cuellar e de sua esposa, Sofía Quintero, ocorridos em 2015. De acordo com a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), que representou as vítimas na corte, esta foi a maior sentença já proferida no país para um crime contra a liberdade de expressão.
“Para a FLIP, esta é uma sentença exemplar para punir crimes contra a liberdade de imprensa. No entanto, também deve ser um incentivo para a investigação avançar e os autores intelectuais deste crimes serem identificados”, a organização publicou no Twitter.
O juiz proferiu a sentença ao autor material do crime “depois de reconhecer que o assassinato de Peralta foi motivado pelo trabalho dele como jornalista”, de acordo com a FLIP.
Peralta Cuellar, de 63 anos, diretor e proprietário da estação de rádio Linda Estéreo, foi baleado ao lado de sua mulher no dia 14de fevereiro de 2015, em Doncello, no departamento de Caquetá. O ataque aconteceu do lado de fora da casa do jornalista, que também servia como seu escritório. Quintero morreu depois de vários meses devido aos ferimentos, segudo reportou a Caracol Radio.
O jornalista cobria tópicos relacionados a corrupção administrativa, contratos estatais e extração de petróleo, de acordo com a FLIP. Ele também havia anunciado sua candidatura à prefeitura de Doncello no início de 2015, de acordo com o El Espectador.
Um juiz condenou Buenaventura, conhecido como “El mono,” em dezembro de 2017, segundo a RCN Radio.
Após a captura de Buenaventura em 4 de março de 2015, a FLIP informou que Peralta Cuellar havia recebido ameaças dias antes de ser morto, mas não havia reportado às autoridades, de acordo com o El Espectador.
Em 2015, ano do assassinato de Peralta Cuellar, a Colômbia foi um dos países mais mortíferos para jornalistas na América Latina, de acordo com um relatório de fim de ano do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). No entanto, o país caiu no Índice de Impunidade Global da organização no mesmo ano, com o aumento de condenações em casos de assassinatos de jornalistas. O índice lista os países nos quais assassinatos de jornalistas ficam mais frequentemente sem punição.
Ainda assim, a FLIP alertou sobre a continuidade de ataques físicos contra jornalistas, assim como “formas mais sofisticadas” de censura no país. No relatório anual de 2016, a organização também pediu melhorias no Mecanismo para Proteção de Jornalistas, incluindo mais condenações judiciais aos responsáveis por ataques a jornalistas.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.