texas-moody

Decisão do governo chileno de monitorar redes sociais gera debate sobre os direitos dos usuários

O anúncio do governo chileno de que começará a monitorar os comentários nas redes sociais causou polêmica entre os usuários do Twitter e do Facebook e gerou um debate sobre o direito à privacidade na internet, informou a imprensa local.

O plano do presidente Sebastián Piñera havia sido anunciado algumas semanas atrás, mas a polêmica ganhou força na internet no domingo 19 de junho, após a divulgação do nome da empresa que vai monitorar os comentários, a BrandMetric, explicou o El Mostrador.

A tarefa da empresa será a de alertar as autoridades sempre que houver "mudanças significativas" nas opiniões dos usuários das redes sociais sobre determinado tema, acrescentou a agência DPA. O programa utilizado pela BrandMetric permitirá não apenas o monitoramento dos comentários, mas também a localização geográfica de seus autores.

Segundo o governo chileno, o objetivo do monitoramento é "medir" a opinião dos cidadãos sobre sua gestão, informou o Los Tiempos, citando agências de notícias. É para que o “governo tenha uma sensibilidade em relação aos temas que são importantes para a sociedade e para que nós, como governo, possamos suprir essas necessidades das pessoas", argumentou a ministra Ena von Baer, citada pelo Publimetro.

Mas muitos usuários das redes sociais acreditam se tratar de um plano de "vigilância online". Segundo a rádio Cooperativa, o grupo de ativistas da internet Anonymous anunciou que atacará os governos de Chile e Peru na rede por causa da medida.

Colégio de Jornalistas do Chile pediu ao Conselho de Transparência, órgão que zela pela informação pública, que exija do governo explicações sobre o que investiga na internet e o que fará com a informação, informou o Todo Noticias.

No entanto, há quem apóie a iniciativa. Em coluna no jornal La Tercera, Enzo Abbagliati considerou a decisão do governo "sensata" e classificou a polêmica gerada pela medida como "artificial". Segundo ele, a privacidade nas redes sociais é mesmo menor, pela própria natureza das plataformas. "O governo já não poderá se fazer de surdo", argumentou.

Cerca de 7 milhões de chilenos são usuários do Facebook e outros 300 mil usam o Twitter, segundo dados oficiais citados pela DPA.

Para mais informações sobre a liberdade de expressão nas redes sociais veja o perfil no Twitter do Centro Knight@KCmidiasocial.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes