Por Diego Cruz
Desconhecidos invadiram a casa de Darío Ramírez, diretor da organização defensora da liberdade de expressão Artigo 19, no domingo 16 de março, e roubaram documentos de trabalho e computadores, de acordo com a publicação digital Animal Político. Esta foi a segunda agressão a um defensor da liberdade de expressão em menos de uma semana.
O crime ocorreu na Cidade do México dois dias antes do anúncio do relatório anual sobre violência contra jornalistas e meios de informação da Artigo 19, que acontecerá nesta terça, 18 de março, na capital do país.
Ramírez e sua família se encontravam de férias e fora de casa quando o roubo ocorreu. Ele chegou no domingo e encontrou a porta arrombada. Os criminosos não deixaram nenhuma mensagem, mas “foram muito específicos no que levaram: instrumentos de trabalho, computadores e objetos de valor pequenos”, disse o diretor.
Em um alerta publicado em seu site, a organização esclareceu que não pode afirmar que o crime tenha relação om o trabalho de Ramírez, mas disse que mesmo assim o fato gera “grande preocupação” quando se considera o assédio que enfrentam jornalistas e defensores de direitos humanos no México.
Artigo 19 disse que a invasão foi o quinto incidente de segurança vivido por seus empregados desde abril de 2013, quando Ramírez e outras pessoas da organização receberam uma ameaça de morte, mas que nenhum deles havia sido investigado até o momento.
Apesar dos acontecimentos, a apresentação pública do relatório anual da Artigo 19, intitulado “Dissentir em Silêncio: violência contra a imprensa e criminalização do protesto, México 2013”, vai ocorrer amanhã. Contudo, considerando que a invasão pode ter sido “uma mensagem intimidatória”, a organização alertou as autoridades “de possíveis fatos como consequência da apresentação do relatório”.
Segunda agressão em uma semana
No dia 12 de março, a organização de liberdade de informação Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também relatou ameaças telefônicas dirigidas a sua correspondente no México, Balbina Flores Martínez, que relata sobre agressões a jornalistas.
Segundo a RSF, Flores recebeu três chamadas intimidatórias de uma voz masculina que pedia para falar con ela. O homem se identificou como o "Comandante Omar Treviño" -- nome do suposto líder do cartel Zetas -- e disse que estava próximo e que havia recebido para feri-la. Depois das três chamadas, Flores denunciou as ameaças na Promotoria Especial para Crimes contra a Liberdade de Expressão, segundo o GrupoFormula.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP/IAPA), o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), e a Artigo 19 recentemente se uniram a RSF para repudiar as ameaças contra Flores. As organizações pedirm ao governo mexicano proteção imediata a Flores.
"As autoridades mexicanas devem lançar uma investigação pontual e exaustiva sobre esta ameaça e encontrar os responsáveis", disse o coordenador do programa do CPJ nas Américas, Carlos Lauría. "Em um país onde a violência e a censura devastaram a imprensa, as autoridades devem garantir que os defensores da liberdade de imprensa possam trabalhar sem temer por sua segurança".
A impunidade no México segue sendo um problema de grande preocupação para jornalistas trabalhando no país. Segundo a CPJ, a insegurança e a impunidade no México o tornam um dos países mais perigosos para jornalistas.
* Kendall Ivie contribuiu nesta matéria. Ivie é estudante da turma "Jornalismo nas Américas" na Universidade do Texas em Austin.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.