O diretor da sucursal de Brasília da revista Época, Diego Escosteguy, denunciou ter recebido uma mensagem com xingamentos e ameaças enviada por Facebook por um usuário anônimo neste sábado, 10 de agosto.
"A ameaça, por óbvio, deve-se à matéria sobre o esquema de propina do PMDB na Petrobras. Deve-de também à caçada digital constante a qualquer um que integre a 'velha mídia', o 'PIG', ou coisa do gênero", escreveu o jornalista em sua conta na rede social.
Em conversa por telefone com o Centro Knight, Escosteguy explicou que não poderia revelar detalhes do conteúdo da mensagem para não atrapalhar as investigações sobre o caso, mas garantiu que ela teve a intenção de intimidá-lo. "Na manhã de sábado, 10 de agosto, às 9h27, eu acessei o Facebook e havia uma mensagem não muito longa cujo remetente era apenas 'Facebook user' com xingamentos e uma intimidação que não chega a ser 'vou te matar' ou 'vou te machucar', mas não está longe disso. É clara o suficiente para me causar preocupação e me fazer tomar medidas de precaução", ressaltou.
Segundo ele, a ameaça foi motivada pela reportagem intitulada "As denúncias do operador do PMDB na Petrobras", na qual revela com documentos e um depoimento gravado que todos os contratos que passavam pela diretoria internacional da Petrobras, maior empresa do país, rendiam propina que era direcionada ao PMDB, a deputados e até mesmo à campanha política da presidente Dilma Rousseff.
Para o jornalista, o atual momento do país é propício para que esses tipos de ameaças se intensifiquem. "Estamos em um país que é um dos mais violentos do mundo para jornalistas. A mensagem que recebi tem uma conotação também de ódio à imprensa tradicional. Por mais que tenham críticas coerentes e necessárias à grande imprensa, no atual momento essas críticas ultrapassaram o aceitável e criaram um ambiente de animosidade, como vimos nas manifestações de junho, com impedimentos do trabalho da imprensa em alguns episódios. Na internet, esse discurso está muito presente. Tem uma turma que enxerga na grande imprensa um dos vilões do país e usam uma retórica de ódio, que dá espaço para ameaças como esta que eu recebi", declarou.
O Brasil foi classificado pela RSF como o quinto mais perigoso do mundo para jornalistas em 2012. No último ano, cinco jornalistas foram mortos no país por causas relacionadas à profissão. Em 2013 já são três os casos confirmados, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.