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Dois ex-proprietários de TV estão foragidos da Justiça no Peru (Comentário de Paul Alonso)

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  • 17 junho, 2010

Por Paul Alonso

José Enrique Crousillat e Genaro Delgado Parker já foram os nomes mais poderosos da televisão peruana. Hoje, estão foragidos da Justiça. O primeiro vendeu descaradamente a linha editorial da América TV (Canal 4) à máfia Fujimori-Montesinos. O segundo esquivou-se de dívidas com seus funcionários, faliu a Panamericana TV (Canal 5) e supostamente roubou caminhões. Agora, eles fogem.

"Don" Genaro Delgado Parker, também conhecido como "Papaúpa" (uma espécie de versão local de "O Poderoso Chefão" da mídia), é acusado de crimes contra a administração pública e peculato por desfalcar o Estado e a Panamericana TV. Além disso, o empresário enfrenta um mandado de prisão por alegações de que teria se apropriado de caminhões durante sua administração, período no qual a emissora não pagou seus funcionários e se engajou em flertes suspeitos com o narcotráfico.

Em 2001, em um dos famosos vladivideos (que mostram Vladimiro Montesinos, assessor do ex-presidente Alberto Fujimori, subornando dirigentes políticos), veio à tona que José Enrique Crousillat, ex-proprietário do canal América Televisión, teria concordado em veicular matérias favoráveis ao governo Fujimori em troca de US$ 619 mil mensais. Crousillat foi condenado por crimes contra a administração pública e por tráfico de influências (que incluía corrupção e peculato).

Crousillat, de 77 anos, cumpria pena de oito anos de prisão quando foi absolvido no ano passado por "razões humanitárias" pelo presidente Alan Garcia. No entanto, a decisão foi anulada depois que fotos do empresário em praias e restaurantes foram publicadas, deixando dúvidas sobre sua doença em estado terminal e sobre o perdão presidencial. Desde então, está foragido.

Os dois casos ilustram não apenas as falhas do poder, mas também que nem sempre os poderosos estão imunes. Há, sem dúvida, inúmeros interesses e influências por trás de ambos os casos, e não é por acaso que Crousillat e Delgado Parker sejam hoje perseguidos. É certo também que, em meio ao constante questionamento de um governo repleto de escândalos de corrupção, algumas cabeças tenham que rolar e ser expostas para desprezo coletivo. Talvez o aspecto mais positivo da história seja que a contínua degradação midiática dos foragidos pode servir como referência para aqueles que hoje tomam as grandes decisões. Aqueles que, sentados em uma luxuosa sala de conferências, uísque na mão, apostam na roleta dos meios de comunicação e sua relação com o poder político.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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