A Justiça de Minas Gerais decretou nesta segunda-feira, 20 de janeiro, a prisão preventiva do jornalista Marco Aurélio Flores Carone, editor do site Novojornal, a pedido do Ministério Público sob a acusação de que ele estaria atacando testemunhas de processos nos quais figura como réu, informou o jornal Estado de Minas.
De acordo com o MP mineiro, Carone integraria uma quadrilha de estelionatários liderada pelo lobista Nilton Monteiro, acusado de ser o artífice da Lista de Furnas, um documento considerado falso que lista o nome de 155 políticos do PSDB e aliados que teriam recebido dinheiro de caixa dois da estatal para abastecer campanhas. Ele também é suspeito de ter participado de um atentado contra o promotor do Ministério Público André Luiz de Pinho.
Na denúncia, o MP destaca que o Novojornal seria um “verdadeiro balcão para intimidação das vítimas da quadrilha, disseminação de papéis falsos criados pelo bando e divulgação de matérias enaltecendo o chefe dos quadrilheiros”. Em uma entrevista coletiva, Pinho contou que dez das onze testemunhas foram tratadas como criminosas em reportagens publicadas no site de Carone.
A Justiça entendeu que Carone tinha como objetivo "difamar, caluniar e intimidar” adversários políticos, e autorizou a prisão preventiva do jornalista para impedir novas publicações, conforme noticiou a Rede Brasil Atual.
O jornalista negou as acusações e alegou ser vítima de perseguição política. “Eu sou um preso político. Estou sendo preso por questões políticas. Quem me conhece sabe do meu trabalho, tenho 30 anos de profissão. Estou tranquilo e vou provar que isso não corresponde à verdade. Fiquei conhecendo o promotor hoje aqui, ele chegou me agredindo verbalmente. Meu passado me defende”, afirmou ao portal de notícias R7.
Carone é filho do ex-prefeito de Belo Horizonte, Jorge Carone, e conhecido por denúncias na internet atacando aliados do senador Aécio Neves (PSDB). Em razão de suas publicações contra o prefeito da capital mineira, Marcio Lacerda (PSB), foi condenado por danos morais. Durante a campanha eleitoral de 2010, o Novo Jornal foi retirado do ar a pedido do então procurador-geral de Justiça do estado, Jarbas Soares Júnior, informou o Jornal Tudo BH.
Em um artigo intitulado "Aécio Neves quer impor “Censura Judicial” contra Novojornal", a publicação alega que desde sua fundação, em 2006, "o grupo político liderado por Aécio Neves, insatisfeito com a independência editorial do Novojornal, vem tentando fechar o portal jornalístico".
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
