Por Sunny Kim
Atualmente, estamos gastando mais tempo em nossos telefones do que nunca, o que torna importante o entendimento do jornalismo fora da plataforma (off-platform) para as redações, disse Millie Tran durante sua apresenação no dia 12 de abril no Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ, na sigla em inglês).
"A maneira mais fácil de dizer o que é off-platform é dizer o que não é", disse Tran, editora adjunta off-platform do Times. Entre as plataformas (on-platform) estão o aplicativo do The New York Times, as newsletters e os alertas push, enquanto o off-platform se refere a uma rede maior de canais de mídia social como Facebook, Twitter, Apple News, Instagram e Google Search, disse ela.
Atualmente, há tanta coisa acontecendo online que prestar atenção às histórias digitais que prosperam nos canais sociais é crucial, disse Tran. Ela falou sobre como a história da morte do rapper Nipsey Hussle teve mais cobertura no Times por causa da atenção que recebeu na internet.
Depois do Discurso sobre o Estado da União, a foto de Nancy Pelosi batendo palmas para o presidente Donald Trump explodiu na cobertura do meme, disse Tran. O fotógrafo do Times Doug Mills capturou o momento e o Times adicionou uma história sobre como ele tirou a foto, seus pensamentos durante o momento e como o Times executou esse trabalho, o que fez de sua cobertura diferente da de outras organizações de notícias, disse Tran.
"Não foi apenas sobre Nancy Pelosi batendo palmas", disse Tran. “Foi esse o momento, mas foi sobre a fotografia e como fizemos esse trabalho. É muito importante entender o off-platform e conciliar esses dois modos”.
Tran disse que é importante que os editores off-platform sejam educados e entendam como alcançar e se comunicar com diferentes comunidades.
“O valor que espero trazer a esse papel é primeiro entender profundamente o valor da notícia no The New York Times e também entender profundamente todas essas comunidades off-platform e as oportunidades que temos para alcançar essas comunidades".
"Estou constantemente traduzindo, me conectando, tomando decisões grandes e pequenas, todos os dias".
As pessoas sempre compartilharam informações com outras pessoas, seja através do boca-a-boca, escrevendo uma carta, enviando e-mails ou agora em canais de mídia social, disse Tran. No entanto, o que há de novo é como os "ciclos de feedback são mais intensos e mais rápidos", levando-os a uma escala "sem precedentes".
“Você pode não apenas atingir as pessoas mais rapidamente, mas pode alcançá-las de uma maneira mais pessoal do que nunca. O que torna realmente difícil agora é que os sinais usuais nos quais confiamos para a legitimidade são cada vez mais 'lixo'... Então, o que você faz quando os sinais são ruins?"
Uma maneira é tentar entender quais são os sinais e combinar o julgamento de notícias com o conhecimento específico da plataforma, acrescentou Tran.
Tran disse estar "obcecada" em descobrir como as pessoas obtêm suas notícias, e isso decorre de sua profunda empatia pelos outros e da convicção de que as organizações de notícias funcionam como uma base sólida da democracia. Ela acrescentou que também gosta de antecipar mudanças e tendências e "dar uma espiada 'na esquina' para ver como as coisas estão indo".
Kathleen McElroy, diretora da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas em Austin, presidiu a discussão com Tran e perguntou se há algum desafio de trabalhar no New York Times.
Tran disse que o mais difícil é que "há muito pouco espaço para erros" no Times. "Mas meio que obriga você a antecipar e tentar o seu melhor."
Um dos integrantes do público perguntou a Tran como as redações menores poderiam melhorar suas práticas, e Tran disse que muito disso é entender como as coisas funcionam e depois aplicá-las na redação, comunidade e público específicos.
Entender sinais de mecanismos de busca, canais sociais e aplicar essas informações à organização, além de tentar alcançar comunidades e novos públicos através de várias plataformas, são formas de aumentar o engajamento na redação, disse Tran.
O livestreaming do ISOJ em inglês e espanhol pode ser acessado em isoj.org.