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Editores de opinião de quatro grandes jornais dos EUA falam sobre o futuro dessas seções, seu público e novos formatos no ISOJ 2023

O terceiro painel no dia da abertura do 24º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ) começou com a premissa de desmistificar o jornalismo de opinião, explicando o processo editorial e pensando no futuro dessas seções jornalísticas. 

Michael Bolden, CEO e diretor-executivo do American Press Institute, moderou o painel e foi acompanhado por Nancy Ancrum, editora da página editorial do Miami Herald; James Dao, editor da página editorial do The Boston Globe; Zeba Khan, subdiretora da página editorial do The San Francisco Chronicle; e Kathleen Kingsbury, redatora de opinião do The New York Times.

As equipes de opinião em cada um desses meios de comunicação variam em tamanho. De sete pessoas no San Francisco Chronicle a 200 pessoas no New York Times. No entanto, todos compartilham o desafio de manter seu público e alcançar novos leitores. 

"Uma das primeiras coisas que acrescentei [ao chegar ao Boston Globe] foi um editor de redes sociais, porque tínhamos uma só pessoa que estava fazendo tudo relacionado à internet", disse Dao. Isto lhes permitiu ter uma pessoa dedicada exclusivamente a ampliar a audiência e pensar estrategicamente sobre a criação de conteúdo.

 

five people on a stage

Michael Bolden (American Press Institute) moderou o painel, que incluiu Nancy Ancrum (Miami Herald), James Dao (Boston Globe), Zeba Khan (San Francisco Chronicle) e Kathleen Kingsbury (New York Times).

Newsletters de opinião

 

Com exceção do San Francisco Chronicle, os meios representados nesse painel contam com newsletters dedicadas às seções de jornalismo de opinião. Estas newsletters permitiram-lhes conectar-se com seu público e, em muitos casos, fidelizar seus assinantes pagantes.

"Quando cheguei lá [no Boston Globe], tínhamos a típica newsletter com uma lista de todos os nossos textos e não tinha curadoria e era esquisito. Não fazia muito sentido. Então organizamos e agora escrevemos uma pequena introdução e depois incluímos mais coisas baseadas no que achamos importante... Também incentivamos os colunistas a fazer suas próprias newsletters", disse Dao. 

Para Dao, as newsletters são agora uma forma de conteúdo por si só e não são apenas uma forma de fornecer links para artigos jornalísticos. 

No caso do Miami Herald, eles têm dezenas de newsletters, incluindo três na categoria de opinião.  De acordo com Nancy Ancrum, elas têm o maior índice de leitores de todas as newsletters da editora da qual o Miami Herald faz parte.

Ancrum disse que também prestam atenção especial à redação das introduções de suas newsletters como forma de engajar seu público. 

Quanto ao New York Times, suas newsletters têm desempenhado um papel especial no crescimento e manutenção de assinantes. 

"Descobrimos que as newsletters são uma ótima ferramenta para a retenção de assinantes. Assim, apresentamos as newsletters como uma proposta de valor agregado por ser um assinante do New York Times. Ainda assim, temos várias newsletters gratuitas, como a Opinion Today, na qual temos cerca de um milhão de assinantes", disse Kathleen Kingsbury. 

 

Declaração de missão 

 

Outra questão levantada por Michael Bolden foi se os meios presentes no painel tinham, em sua seção de opinião, uma declaração de missão e como a comunicavam ao público. 

"Nós não formulamos uma declaração de missão. Mas acho que em nossa equipe falamos sobre o que nos interessa e os objetivos da página de opinião, e isso nos serve de bússola para procurar colaboradores externos e analisar os artigos que chegam até nós", disse Zeba Khan.

Os outros membros do painel concordaram com Khan. "Temos um conjunto de valores que ditam muito do trabalho do conselho editorial, que está publicamente em nosso site. Quero dizer, falamos muito sobre qual é nossa missão entre nós, em nossa equipe, mas acho que tem sido muito útil para nós realmente articular o que estamos tentando fazer diariamente", disse Kingsbury. 

 

Novos formatos no jornalismo de opinião

 

A escrita não é o único formato de expressão de opinião. As seções de opinião dos meios estão agora explorando novos formatos, tais como podcasts. 

Durante o painel, o Miami Herald aproveitou a oportunidade para mostrar a promoção de seu novo podcast chamado Woke Wars. Para Ancrum, o podcast tem sido um exercício de branding e os números de audiência mostram que funciona. 

Além disso, meios como o Boston Globe também estão explorando a opinião em vídeo ou através de redes sociais como o Tik Tok.

O painel finalmente fechou em torno da conversa sobre o papel do jornalismo de opinião na audiência. 

"Hoje de manhã entrei no avião e a primeira coisa que vi foi um homem na escada rolante com sua camiseta dizendo 'o único vírus mortal neste país é a mídia'", contou Ancrum. "E minha resposta [àqueles que pensam que a mídia lhes diz o que pensar] é que nós não lhes dizemos o que pensar, nós lhes dizemos a que estar atentos".

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