O Centro Knight anunciou a publicação do livro “Educação Global em Jornalismo no século 21: desafios e inovações”, editado pelas professoras Robyn S. Goodman e Elanie Steyn, durante o 18º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ).
As editoras descrevem o livro como "acadêmico, mas também prático e como uma referência acessível para professores, instrutores, jornalistas, ativistas da mídia, políticos, fundações, ONGs, estudantes e outros com um interesse em jornalismo de qualidade”
O livro é o primeiro projeto do Centro Knight em sua nova iniciativa de publicar pesquisas acadêmicas internacionais sobre jornalismo.
“O Centro Knight não podia ter sonhado com uma publicação melhor e mais importante para abrir a nossa iniciativa de pesquisa”, disse Rosental Alves, diretor do Centro Knight e professor da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas em Austin. "'Educação Global em Jornalismo no século 21: desafios e inovações' é uma forte e única contribuição para a academia sobre um tema importante que merece mais atenção, especialmente nestes tempos de globalização e revolução digital”.
Goodman, professora e diretora de Estudos em Comunicação da Alfred University em Nova York, disse que o livro é para professores, profissionais, ONGs e estudantes.
Para fazer cada capítulo, as editoras reuniram um grupo de acadêmicos especializados em educação de jornalismo ao redor do mundo, pessoas que Goodman classifica como “os melhores e mais brilhantes no campo”. O livro está dividido em três seções. A primeira parte está composta de dez casos de acadêmicos da Austrália, Chile, China, Egito, Índia, Israel, Rússia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. A segunda parte, ‘Contextualizando a educação global em jornalismo, analisa o presente, o passado e futuro da educação global e os seus impactos na prática profissional. E a terceira parte aborda as inovações no mundo da educação em jornalismo. Essa seção inclui capítulos sobre inovação em educação e temas sobre empreendedorismo em veículos, jornalismo mobile e programação.
O capítulo de conclusão apresenta 10 previsões para a educação e o jornalismo no futuro. E um epílogo de Goodman analisa como a educação global em jornalismo foi moldada de acordo com um viés ocidental, bem como os esforços para des-ocidentalizar a educação e os esforços atuais no mundo para preparar as gerações futuras de cidadãos globais e jornalistas.
“A educação jornalística em todo o mundo é influenciada em parte pelas necessidades ocupacionais compartilhadas e o viés ocidental”, escreve Goodman. “Tende a ser cada vez mais profissionalizada, formalizada, padronizada, conectada a universidades e homogênea”. No entanto, afirma que os sistemas educativos de todo o mundo ainda se dividem por diferenças culturais.
A ideia do livro e a sua concepção começaram em 2001, durante reuniões da Association for Education in Journalism and Mass Communication’s (AEJMC) International Task Force (ITF) e de debates no World Journalism Education Congress (WJEC). Havia uma necessidade de compartilhar as melhores práticas em educação jornalística com colegas do mundo todo, uma área que carecia de uma significativa literatura acadêmica, explicou Goodman, que inicialmente trabalhou na edição do projeto com Suellen Tapsall, diretor de Educação personalizada da University of Melbourne Commercial na Austrália. Essa necessidade era fortalecida pelas grandes rupturas que ocorrem atualmente na prática do jornalismo mundial.
Desde o início, o livro foi criado com perspectivas internacionais e contribuições de acadêmicos de todo o mundo. Um comitê de direção para o trabalho foi formado por membros dos cinco continentes.
Steyn, professora e chefe de jornalismo na Escola Gaylord de Jornalismo e Comunicação de Massa da Universidade de Oklahoma, disse que a ideia original era observar as semelhanças entre os países e ver como podiam aprender um com os outros sobre educação jornalística. À medida que trabalhavam, os editores perceberam que queriam incluir uma seção sobre inovação, disse.
“Nós notamos que há tantas formas inovadoras que os educadores de jornalismo estão usando com diferentes plataformas e técnicas para poder ensinar jornalismo para os estudantes”, disse Steyn. “E queríamos mostrar também que, apesar do que está ocorrendo com a indústria em vários países, e de como está mudando a indústria, como as pessoas estão aproveitando esses desafios e mudanças para que possam atingir os seus estudantes e, no processo, prepará-los melhor para o que eles precisam fazer como profissionais nos meios de comunicação”.
Steyn disse que o livro mostra algo que está vendo na sua própria instituição e por meio de colegas: como a educação está mudando para que os estudantes sejam expostos antes ao aprendizado da experiência e às realidades da profissão.
“Se você tem alguém com uma boa experiência no mundo real e um pouco de um enfoque inovador para aprender e ensinar, realmente está ficando cada vez mais interessante ensinar aos estudantes sobre as diferentes habilidades que necessitam e como colocar essas experiências sobre a forma com que aprendemos coisas, acho que essa é uma conexão interessante”, disse Steyn.
No capítulo “Se tornando global: educação e jornalismo unem esforços, o coautor Ian Richards, professor de Estudos de Jornalismo na Universidade do Sul da Austrália em Adelaide, analisa as trocas na educação jornalística global nas últimas duas décadas.
“O surgimento das mídias sociais e o declínio dos meios tradicionais afetaram tanto a educação jornalística como o próprio jornalismo. Mas enquanto isso tem sido mais proeminente em discussões sobre o propósito e o papel da educação do jornalismo, as mudanças nas atitudes sociais em áreas como gênero e diversidade étnica também tiveram um impacto importante”, disse Richards. “Juntas, essas mudanças ajudam a explicar por que os educadores de jornalismo se tornaram cada vez mais internacionais em sua perspectiva, já que buscam entender e responder a isso. Na minha opinião, o movimento que vai do paroquialismo para uma visão global mais ampla está subjacente em muitos dos recentes avanços na educação jornalística e por isso talvez seja a mudança mais importante na educação jornalística global nas últimas décadas.”
Ele prevê uma colaboração entre educadores de jornalismo e estudantes ao redor do mundo no futuro.
“A razão é simples - a pressão dos educadores e a pressão dos estudantes. Os primeiros porque precisam entender o que está acontecendo com o jornalismo e a educação jornalística, e elaborar as melhores formas de responder; os últimos porque vivemos em um mundo globalizado e os estudantes na maioria dos países são muito mais globais nas suas perspectivas do que as gerações anteriores”, disse Richards, que acrescentou que esta colaboração é essencial para que os educadores compreendam o campo e respondam de uma forma relevante e informada.
Há planos de publicar o livro em espanhol para ampliar o público de leitores.
Além disso, o livro é o primeiro passo na nova iniciativa do Centro Knight de publicar pesquisas sobre jornalismo global e educação global em jornalismo.
“O Centro Knight se dedica a ajudar a pesquisa sobre educação jornalística mais global e se une aos educadores e instrutores de jornalismo que estão na dianteira da educação jornalística em todo o mundo”, disse Alves. “Esse livro é um exemplo inestimável do que podem alcançar profissionais dedicados que buscam compartilhar décadas de conhecimento entre si para benefício da comunidade global de educação jornalística”.
O livro “Educação Global em Jornalismo no século 21: desafios e inovações” pode ser baixado gratuitamente no site do Centro Knight. Ele também está à venda na Amazon.
Goodman e Steyn vão debater o livro durante o café da manhã das 8 a.m. do 18 Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ) em Austin, no Texas (Estados Unidos), em 22 de abril. Ambas pesquisadoras estarão disponíveis de falar sobre o livro durante o simpósio.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.