Por Maira Magro
A ação judicial para estabelecer se a dona do grupo de imprensa argentino Clarín, Ernestina Herrera de Noble, adotou dois filhos de desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina teve um desdobramento crucial na segunda-feira, 7 de junho, com o início dos testes genéticos de materiais recolhidos dos irmãos, informou a AFP.
Organizações de direitos humanos suspeitam que Marcela e Felipe Noble Herrera, adotados em 1976 pelos donos do Clarín, sejam filhos de desaparecidos durante o regime militar (1976-1983). Estima-se que, naquele período, cerca de 500 filhos de prisioneiros políticos tenham sido sequestrados e entregues a militares ou simpatizantes do regime. As causa envolvendo a família Noble foi iniciada pelas Avós da Praça de Maio, em nome de duas famílias que acreditam estar relacionadas aos irmãos Noble. As avós já ajudaram 101 jovens a encontrar suas famílias biológicas.
O próprio Clarín informou que, na sexta-feira, uma operação policial na casa da família Noble recolheu pertences dos irmãos, como roupas íntimas e outros objetos, para uso nos exames de DNA. Isso porque eles se recusaram a fornecer material para os testes genéticos, alegando o direito de não querer conhecer sua identidade biológica, explica o Terra.
Mas uma lei aprovada em novembro de 2009, continua a BBC, tornou o exame genético obrigatório para os casos de suspeita de crianças roubadas durante a ditadura, e permite à Justiça obter as provas por si mesmo.
Os questionamentos sobre a legalidade do processo adotivo dos donos do Clarín começaram em 2001. Ernestina Herrera chegou a ser presa em 2002, diz o Terra, acusada de irregularidades na adoção. Ela acusa as organizações envolvidas no caso de quererem prejudicar o grupo Clarín.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.