Por Daniel Guerra
Ao receber o Prêmio Pulitzer 2013 de jornalismo investigativo, a repórter Alejandra Xanic von Bertrab consolidou seu lugar como uma das principais especialistas no uso das leis de transparência e acesso à informação do México.
Em uma entrevista ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas feita durante a 34° conferência de Repórteres e Editores Investigativos, na semana passada, onde von Bertrab e David Barstow, do New York Times, receberam o prêmio 2012 na categoria de grande meio impresso/online, a jornalista mexicana aconselhou seus colegas mexicanos a tirarem vantagem agora deste tipo de lei.
"É uma porta que se abriu depois de estar fechada por muitos anos", disse. "É uma porta que pode voltar a se fechar".
Von Bertrab e Barstow receberam o Pulitzer por suas reportagens sobre corrupção e subornos sistemáticos da rede Walmart no México. Após a publicação das matérias, autoridades mexicanas e americanas iniciaram investigações e a companhia foi amplamente criticada por saus práticas empresariais.
Von Bertrab passou 18 meses juntando informação para as matérias, um processo que descreveu como "terrivelmente chato". No total, ela fez 800 petições de informação e realizou 200 entrevistas com funcionários federais, estaduais e locais.
O uso destas leis não é algo que aprendeu da noite para o dia. Foram vários anos até realmente entender como utilizar essas ferramentas em suas investigações, contou.
"Eu venho de uma geração do 'não', em que tudo é confidencial", disse von Bertrab, uma jornalista com 20 anos de experiência. "Aprendi a ser repórter sabendo que todo documento era sigiloso".
A também ganhadora do Prêmio Nacional de Jornalismo no México começou sua carreira na cidade de Guadalajara, cobrindo temas como o tráfico de drogas, assassinatos políticos e direitos humanos. Além de colaborar com o New York Times, von Bertrab escreveu para várias publicações mexicanas.
O trabalho é árduo, mas von Bertrab disse que os jornalistas no México podem entender melhor as instituições do país se dedicarem um tempo a aprender sobre as leis de acesso à informação e como usá-las para obter dados públicos.
"Não sei muito bem neste momento o que vamos fazer como repórteres para assegurar que estas portas permaneçam abertas, mas no momento é preciso aproveitar que estão", observou. "Espero que contagie outros jornalistas e também cidadãos a utilizar esta ferramenta como uma maneira de participar e intervir nas decisões".
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.
