Alegando que as novelas sobre o tráfico de drogas, chamadas de "narconovelas", ferem o bem-estar psicológico e social de crianças e adolescentes, a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) da Venezuela proibiu a transmissão de dois folhetins protagonizados por traficantes, informaram o El Universal e a BBC Mundo.
As novelas censuradas são a "El Capo" (O Chefe), sobre um traficante que se torna presidente, e a "Rosario Tijeras", protagozinada por uma jovem traficante e assassina. Ambas foram produzidas na Colômbia. A proibição levantou um novo debate sobre a liberdade de expressão na Venezuela.
A decisão de tirar os folhetins do ar foi baseada na Lei de Responsabilidade Social do Rádio e da Televisão. A rádio nacional divulgou uma análise argumentando que os programas glorificavam os traficantes e defendiam a legalização das drogas, explicou a BBC Mundo.
O autor de novelas Leonardo Padrón disse ao El Universal que a censura foi um ato de "absurdo puritanismo. Se é uma medida para reduzir a violência, deveria ser aplicada nas ruas".
Segundo o diário El Periodiquito, a suspensão de cada uma das duas novelas custará às emissoras de TV cerca de US $1 milhão.
É a segunda vez em poucos meses que a Venezuela usa o bem-estar de crianças e adolescentes como justificativa para censurar. Em agosto, a Justiça do país proibiu os jornais de usarem imagens "violentas, sangrentas ou grotescas", depois que o El Tiempo publicou em sua capa uma foto de corpos em um necrotério.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.