Um júri popular condenou um homem a 14 anos de prisão por envolvimento no assassinato do radialista Jefferson Pureza, morto no dia 17 de janeiro de 2018 na cidade de Edealina, no Estado de Goiás, região Centro-Oeste do Brasil.
O julgamento realizado no dia 4 de outubro no Fórum de Edeia, cidade a 30 km de Edealina, condenou Leandro Cintra da Silva, de 25 anos, a 12 anos e quatro meses de prisão por homicídio qualificado e um ano e oito meses de prisão por corrupção de menores, relatou a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Em abril de 2018, Cintra foi indiciado pelos dois crimes após a polícia concluir que ele intermediou a negociação entre o vereador José Eduardo Alves da Silva, acusado de ser o mandante do crime, e três adolescentes.
Um dos menores teria executado Pureza, outro teria pilotado a moto que os levou até a casa do radialista e um terceiro teria indicado os dois primeiros para o serviço, segundo a Abraji, que acrescentou que os três estão cumprindo medidas socioeducativas.
Os julgamentos de Alves da Silva e de Marcelo Rodrigues dos Santos, que também é acusado de ter intermediado o crime, ainda não foram marcados, mas devem ocorrer até dezembro, disse a entidade.
O assassinato de Pureza foi o primeiro caso a ser investigado pelo Programa Tim Lopes de Proteção a Jornalistas. Lançado pela Abraji em setembro de 2017, o programa combate a impunidade nos crimes contra jornalistas ao investigar assassinatos e tentativas de assassinato de profissionais da imprensa, além de dar continuidade às reportagens interrompidas pelos autores dos crimes.
Segundo a investigação da Abraji, Pureza fazia constantes referências em seu programa de rádio a supostas irregularidades cometidas na administração do ex-prefeito João Batista Gomes Rodrigues, conhecido como Batista Boiadeiro (PTB).
O vereador Alves da Silva, acusado de ser o mandante do assassinato do radialista, foi secretário de Ações Urbanas na gestão de Batista Boiadeiro e disse à polícia que Pureza se referia a ele como “vereador da transferência de votos”, acusando-o de ter transferido eleitores de outras cidades para conseguir ser eleito em Edealina, conforme reportou a Abraji.
No entanto, a suposta motivação do vereador para o crime também se daria por um relacionamento de Pureza com uma ex-esposa do vereador, segundo concluiu a polícia, que sustenta que Alves da Silva pagou R$ 5 mil e um revólver aos adolescentes acusados de executar o assassinato.
Quando foi assassinado, Pureza trabalhava nas obras para reconstruir a sede da rádio Beira Rio FM, que transmitia seu programa “A Voz do Povo”. A rádio havia sido destruída por um incêndio em novembro de 2017, o segundo pouco mais de um ano. Amigos do radialista afirmaram à imprensa que ele recebeu ameaças por conta de seu trabalho durante mais de um ano antes de ser executado.