O Instituto Internacional de Segurança da Imprensa (INSI), entidade dedicada à segurança dos jornalistas na busca por notícias, anunciou na última quinta-feira, 18 de agosto, a criação de um escritório em São Paulo para assistir profissionais da América Latina, em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
A decisão ocorre em um cenário de aumento da violência contra repórteres do continente. O ano de 2011, antes mesmo de seu término, foi considerado o mais trágico das últimas décadas pra imprensa da região, segundo análise da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
A iniciativa tem como foco treinamento em segurança, intercâmbio de informação e aconselhamento para aqueles que estão trabalhando em ambientes hostis e chega ao Brasil com 8 anos de experiência global, observou o Estadão. A sede da INSI América Latina será, inicialmente, no escritório da Abraji, em São Paulo.
Marcelo Moreira, vice-presidente da Abraji e conselheiro do INSI, será o diretor do braço latino-americano da organização e irá estruturar sua operação. “A partir da experiência do INSI Global vamos poder desenvolver mais de perto as práticas que podem diminuir o risco dos jornalistas em seu trabalho aqui na região", contou.
O presidente da Abraji, Fernando Rodrigues, e o diretor do INSI, Rodney Pinder, comemoraram a união de forças. "A iniciativa de ter uma seção INSI na América Latina, com sede no Brasil, é um grande passo no sentido de proporcionar melhores condições de segurança para os milhares de jornalistas da região. A Abraji tem orgulho de ser parceira do INSI e estou certo de que este empreendimento será um marco em termos de produzir um jornalismo melhor não só no Brasil, mas em toda a América Latina”, afirmou Rodrigues.
Os desafios da recém-criada organização não são pequenos. Apenas no Brasil, quatro jornalistas foram executados a tiros este ano, Luciano Leitão Pedrosa (Pernambuco, em abril), Valério Nascimento (interior do Rio, em maio), Edinaldo Filgueira (Rio Grande do Norte, em junho) e Auro Ida (Mato Grosso, em julho). No México, a imprensa somou 7 mortes em 2011 e o clima de ameaças é constante graças à violência do narcotráfico. Também tiveram jornalistas assassinados Honduras, El Salvador, Guatemala, Paraguai, Peru, Colômbia e Venezuela.