O jornal El Norte, de Ciudad Juárez, na fronteira do México com os Estados Unidos, denunciou que seus repórteres estão sofrendo perseguição de policiais federais recentemente, informou o Centro Nacional de Comunicação Social (CENCOS). A Polícia Federal (PF) é encarregada do combate ao narcotráfico e ao crime organizado. “Esses atos fazem parte do clima generalizado de perseguição e intimidação à imprensa em Ciudad Juárez", afirmou Guadalupe Salcido, chefe do jornal.
O jornal tem feito uma cobertura contundente do narcotráfico na cidade mais violenta do país. Segundo o diário, no episódio de perseguição mais recente, o repórter e editor Antonio Flores Shroeder foi detido em um posto da PF nas imediações da sede da publicação, no sábado 11 de junho, informou a rádio Pozol. Ele já havia sido seguido por policiais federais em abril.
No mesmo mês, o diretor editorial Alfredo Quijano foi abordado por um grupo de agentes, que revistaram o carro em que ele viajava com a família e tiraram fotos de todos. Também em abril, o repórter Carlos Huerta Muñoz foi detido pela PF perto do jornal. Já em maio, o repórter Pablo Hernández Batista e o fotógrafo Ismael Villagomez Tapia, ambos do El Norte, além de Luis Escalera, da Univisión, foram presos e agredidos por 15 membros da polícia municipal ao cobrirem uma operação.
As organizações Artigo 19 e CENCOS pediram ao governo mexicano que garanta o exercício pleno e seguro da liberdade de expressão. Além disso, denunciaram a "ineficiência e inoperância" dos mecanismos de proteção aos jornalistas" anunciados pelas autoridades estaduais e federais.
O México é o país mais perigoso das Américas para o exercício do jornalismo. Desde 2000, cerca de 70 jornalistas foram assassinados no país, segundo informações oficiais.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.