O jornalista chileno-venezuelano Braulio Jatar Alonso, que estava em prisão domiciliar desde maio de 2017 depois de passar 9 meses na prisão, foi liberado na última quinta-feira, 4 de julho, informou a CNN em Espahol.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela anunciou via Twitter o fim das medidas cautelares do código penal venezuelano impostas a Jatar depois da sua liberação.
Braulio Jatar llamó a los periodistas a seguir informando a la población https://t.co/JCnB1Rqnl2 pic.twitter.com/nMmljjkaqt
— Reporte Confidencial (@RConfidencial) July 9, 2019
Jatar, no entanto, terá que se apresentar ante um tribunal a cada 15 dias e está proibido de sair de país, segundo declarou à imprensa em um vídeo publicado pelo portal Reporte Confidencial, do qual é diretor.
“Quando falamos de liberações como esta, já disse antes, nos tiram da jaula e colocam uma corrente no nosso pescoço”, disse Jatar a seus colegas depois de sair do tribunal onde foi informado de sua situação atual.
Jatar foi um dos 22 presos liberados em 4 de julho depois da apresentação em Genebra, na Suíça, do relatório sobre a situação da Venezuela por parte da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, publicou a CNN em Espanhol.
O relatório de Bachelet indica que o espaço de mídia livre e independente na Venezuela foi reduzido. "Nos últimos anos, o governo tentou manter uma hegemonia comunicacional, impondo sua própria versão de eventos e criando um ambiente que restringe os meios de comunicação independentes”, indicou.
"Eu peço, do ponto de vista legal, que o Ministério Público, a quem a comissária Bachelet indicou não cumprir suas obrigações legais ou constitucionais, que cumpra com o dever de consignar as provas que ocultou", disse Jatar sobre os testemunhos apresentados a essa entidade que provariam sua inocência, publicou o Reporte Confidencial.
O jornalista chileno-venezuelano foi detido em 3 de setembro de 2016, e posteriormente acusado de lavagem de dinheiro. Sua prisão aconteceu um dia depois que o site que ele diriga ter publicado um vídeo de cidadão sobre o protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro durante sua visita à Isla Margarita em 2 de setembro daquele ano. Seus parentes e várias organizações denunciaram naquela época irregularidades de sua detenção.
Quase nove meses depois, em 24 de maio de 2017, Jatar foi enviado para sua casa com prisão domiciliar. Isso se deveu aos sérios problemas de saúde que afligem o jornalista, aos numerosos esforços diplomáticos do governo chileno para garantir sua libertação e as pressões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), disse a irmã do jornalista, Ana Julia Jatar, em uma entrevista ao Centro Knight na época.
A irmã do jornalista também disse que durante os nove meses de prisão, Jatar foi mantido em quatro prisões diferentes, uma das quais não tinha luz nem água.
“Fiquei três anos privado de minha liberdade pelo simples fato de informar a verdade”, disse Jatar à imprensa. Mesmo assim, aconselhou seus colegas a seguirem informando e sendo corajosos. “Sigam dando exemplo, pois eu, modestamente, agora estou na rua para ajudar vocês”, acrescentou.