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Jornalista em greve de fome vira fonte de notícias sobre reforma prisional em Cuba

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  • 25 Maio, 2010

Por Dean Graber

O jornalista independente Guillermo Fariñas vem recusando qualquer tipo de comida e bebida há quase três meses, para protestar contra o tratamento dos prisioneiros políticos na ilha. Sua história tem gerado cobertura nos meios de comunicação em portuguêsinglês e espanhol. No sábado, Fariñas se tornou também uma importante fonte em matérias na imprensa estrangeira, revelando que o regime cubano havia concordado em transferir prisioneiros para locais mais próximos de suas famílias e hospitalizar aqueles que estejam doentes.

As mudanças deveriam começar a ser implementadas na segunda-feira, 24 de maio, e alguns dissidentes presos poderiam ser soltos eventualmente, informou o jornalista Juan Tamayo, do Miami Herald, mencionando uma entrevista por telefone com Fariñas, que falou de sua cama em um hospital em Santa Clara, onde vem recebendo alimentação pela via intravenosa após se recusar a comer e beber qualquer coisa. A Reuters também entrevistou o jornalista, que disse ter recebido a notícia pelo arcebispo de Havana, após encontros entre representantes da Igreja Católica e o presidente Raúl Castro.

Boatos circularam em Havana sobre as conversas entre a igreja e o regime cubano, mas jornalistas independentes e blogueiros não foram convidados para uma coletiva de imprensa organizada pela igreja, afirmou Yoani Sánchez, a blogueira mais famosa de Cuba, em seu blog.

Em entrevista à Radio Netherlands Worldwide, o escritor cubano Carlos Alberto Montaner, exilado na Espanha, diz que Raúl Castro tem a intenção de soltar os cerca de 200 prisioneiros políticos na ilha - o abrandamento das regras de detenção seria o primeiro passo. "Mas o presidente Castro não pode anunciar publicamente suas intenções de soltar os prisioneiros porque a existência deles não é oficialmente reconhecida pelo regime em Havana", disse o escritor à rádio Netherlands. "É por isso que, segundo Montaner, o presidente tem a Igreja Católica como parceira nas discussões."

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.