Autoridades venezuelanas deportaram um jornalista freelancer espanhol Aitor Sáez antes de protestos marcados para o dia 23 de janeiro, seguindo um padrão de tratamento a jornalistas internacionais antes de manifestações de massa.
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa publicou no Twitter que o Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Estrangeiros (SAIME) disse que Sáez não cumpriu todos os requisitos para entrar no país.
Sáez, correspondente da emissora alemã Deutsche Welle (DW), com sede em Bogotá, Colômbia, publicou várias mensagens na sua conta de Twitter sobre a deportação.
Ontem escreveu: “A uma hora da deportação. Dói não poder contar amanhã um dia tão importante para a democracia #Venezuela”.
Sáez escreveu anteriormente que ninguém do SAIME lhe deu uma explicação. Afirmou que a viagem a Caracas foi a sexta que fez no último ano.
Tanto o governo como a oposição estão realizando manifestações neste 23 de janeiro em Caracas, data que marca os 59 anos do fim da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, segundo El Universal.
O presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição, Julio Borges, classificou a manifestação como um protesto contra a violência e insegurança no país. La Patilla informou que José Ignacio Guédez, secretário da Assembleia Nacional, disse que vão marchar até a sede do Conselho Nacional Eleitoral para pedir um calendário para as eleições de governadores e prefeitos, mas que também querem “chegar a um acordo para que haja eleições presidenciais antecipadas para acabar com a crise”.
Já a passeata oficial vai levar os restos do jornalista e revolucionário Fabricio Ojeda para o Panteão Nacional, segundo El Universal.
Essa não é a primeira vez que os jornalistas internacionais são impedidos de entrar na Venezuela antes de protestos. Os correspondentes estrangeiros foram proibidos de entrar no país antes das manifestações de 1 de setembro e de 26 de outubro de 2016. Os jornalistas locais também informaram sobre restrições para realizar seu trabalho durante os protestos.
No entanto, as detenções de jornalistas não se limitam ao período das manifestações. O Instituto de Prensa y Sociedad de Venezuela (IPYS) disse anteriormente ao Centro Knight que registrou 22 casos de detenções arbitrárias de diretores, jornalistas e fotógrafos entre 1 de janeiro e 30 de setembro de 2016.
As atualizações sobre os protestos da oposição são publicados nas mídias sociais com a hashtag #23E.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.