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Jornalista mexicano tem asilo negado nove anos depois de ter fugido para os EUA por ameaças de morte

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  • 2 agosto, 2017

Por Teresa Mioli e César López Linares

 

Nove anos depois de fugir para os Estados Unidos temendo por sua vida, o ex-jornalista mexicano Emilio Gutiérrez Soto foi negado asilo em um tribunal de imigração de El Paso.

Gutiérrez, ex-repórter do El Diario del Noroeste, no estado de Chihuahua, finalmente teve a oportunidade de levar seu caso diante de um juiz em 14 de novembro de 2016, após anos de adiamentos.

As declarações de encerramento foram encaminhadas pela equipe do jornalista no final de janeiro de 2017, e uma decisão do juiz foi planejada para março. No entanto, isso também foi adiado e remarcado para julho, quando Gutiérrez foi informado de que sua demanda foi negada.

"Ele simplesmente desconsiderou todos os argumentos, colocou-os no lixo e negou o asilo", disse Gutiérrez ao Centro Knight.

Gutiérrez disse que está "muito deprimido... Eu me sinto muito triste e estou muito desapontado com as autoridades de imigração, especialmente as políticas que os Estados Unidos exercem", acrescentou o ex-repórter.

Ele disse que as políticas dos EUA não consideram as milhares de mortes e deslocamentos ocorridos no México desde que o ex-presidente Felipe Calderón iniciou a Guerra contra as Drogas em 2006.

Gutiérrez disse que vai recorrer da decisão, até mesmo no Supremo Tribunal, se necessário.

O ex-repórter e seu filho fugiram de seu país de origem em junho de 2008 depois que alguém o avisou de que militares estavam planejando matá-lo. Aparentemente, a ameaça estava relacionada às suas reportagens sobre supostos abusos dos militares contra civis.

Apesar de se entregar às autoridades dos EUA depois de atravessar a fronteira do país com o México, Gutiérrez passou mais de sete meses preso antes de ser libertado.

Ele disse ao Centro Knight no final do ano passado que a sua vida nos EUA tem sido "extremamente difícil". Gutiérrez disse que a violência letal contra jornalistas no México é uma lembrança do destino que potencialmente o aguardava em casa.

Somente neste ano, sete jornalistas foram mortos no México. Mais recentemente, os restos do jornalista Salvador Adame Pardo foram encontrados seis semanas após o seu sequestro em Michoacán.

Conseguir refúgio nos Estados Unidos depois de fugir desse tipo de violência não é algo garantido.

Martín Méndez Pineda, jornalista do estado de Guerrero, voltou voluntariamente para o México em maio deste ano, após a sua tentativa de solicitar asilo no posto de entrada da fronteira de El Paso, Texas, ter resultado na sua prisão. Após 100 dias nos centros de detenção da Imigração e Alfândega (ICE), onde ele afirma ter enfrentado "maus-tratos, humilhações e abusos pelas autoridades locais", Méndez desistiu do seu pedido de asilo e deixou os EUA.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, cerca de 13,4% de todos os pedidos de asilo (não apenas de jornalistas) foram concedidos em 2016, em comparação com 21,9% dos casos em 2012. Somente ano passado, 12.831 pedidos foram recebidos do México e apenas 464 (3,6%) foram concedidos.

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