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Jornalista venezuelano Luis Carlos Díaz é liberado, acusado de incitação pública e proibido de deixar o país

Atualização (13 de março): O jornalista venezuelano Luis Carlos Díaz foi acusado de incitação pública, mas foi liberado da detenção na noite de 12 de março, de acordo com a organização pela liberdade de expressão Espacio Público.

Ele não pode sair do país e deve comparecer perante um tribunal a cada oito dias, acrescentou a organização. Além disso, ele está proibido de falar publicamente sobre o caso.

Ao ser liberado, Díaz agradeceu quem o apoiou. "Viva o jornalismo venezuelano, os info-cidadãos venezuelanos, todo o poder das redes. Este é o momento da verdade", disse o jornalista em um vídeo postado no perfil do Twitter do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, por suas iniciais em espanhol).

Original (12 de março): Depois de ficar desaparecido por oito horas, foi divulgada a informação de que o renomado jornalista venezuelano e defensor dos direitos humanos Luis Carlos Díaz está sendo detido pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), como o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela postou no Twitter.

Luis Carlos Díaz

Luis Carlos Díaz (Twitter)

Sua esposa e seus colegas não tinham notícias dele desde as 17h30 de 11 de março, quando ele saiu da estação Unión Radio Noticias, em Caracas, segundo o SNTP.

Foi apenas às 2:15 da manhã de 12 de março, quando os funcionários do Sebin chegaram à casa de Díaz e de sua esposa, a jornalista Naky Soto, que ela ficou sabendo de sua detenção, disse Soto na W Radio. Os oficiais chegaram para realizar uma operação e tinham Díaz algemado. Eles o acusam de estar envolvido com a crise de eletricidade que afeta Caracas desde 7 de março, segundo Soto.

Nos poucos minutos em que Díaz pôde ver sua esposa, ele disse que havia sido "vítima de tratamento cruel e degradante durante sua detenção", relatou Provea. Autoridades do Sebin também teriam supostamente agredido jornalistas e ativistas que estavam na casa de Díaz e Soto no momento da operação, denunciou Marco Ruíz, secretário do SNTP.

Durante a operação, os agentes do Sebin levaram computadores, celulares, um pen drive, dinheiro e outros itens pessoais, de acordo com a organização Espacio Público. Eles também levaram Díaz, que atualmente está detido na sede do Sebin em El Helicoide, acrescentou o Espacio Público.

As alegações contra Díaz se dão depois que o vice-presidente do partido governista, Diosdado Cabello, veiculou em seu programa televisivo "Con el mazo dando" o que o Espacio Público disse ser um vídeo manipulado no qual Díaz e Soto aparecem. O vídeo alega que eles estão planejando o blecaute que afeta Caracas desde 7 de março.

Em conversa com a W Radio, Soto também disse que "distorceram" o vídeo para ligá-lo a ataques cibernéticos para causar a crise energética e disse que as acusações são "loucas". Ela afirmou que assim que o blecaute ocorreu, ela e Díaz dedicaram-se a educar as pessoas sobre como usar de forma mais eficiente a energia que restava, razão pela qual nunca imaginaram que seriam acusados de qualquer crime.

Soto também disse à W Radio que um dos agentes do Sebin a alertou para "não fazer muito barulho" sobre a detenção de Díaz porque ela também poderia ser detida. Ela disse que eles lhe disseram que neste momento ela não está detida por causa de sua "condição oncológica". Soto está se recuperando de um câncer.

Em 12 de março, Soto e alguns colegas compareceram perante a Procuradoria Geral da República para "rejeitar a detenção arbitrária" e exigir a libertação de Díaz, de acordo com o SNTP.

Jornalistas de todo o mundo e organizações de direitos humanos têm observado a situação de Díaz desde a noite de 11 de março. Quando seu paradeiro era desconhecido, a hashtag #DóndeEstáLuisCarlos se destacou nos Trending Topics na Venezuela e em outros países da região. Neste momento, a hashtag #LiberenALuisCarlos também é destaque.

Díaz também é cidadão espanhol, de modo que a Embaixada do país na Venezuela já foi informada da situação, disse Soto à W Radio. Ela também disse que uma visita da equipe do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também será aproveitada para denunciar a detenção.

A Procuradoria Geral da Venezuela não informou sobre o caso de Díaz. Entretanto, em um anúncio em 12 de março, o procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou a abertura de uma nova investigação contra o político opositor Juan Guaidó, que se proclamou presidente da Venezuela em 23 de janeiro, por seu "suposto envolvimento na sabotagem realizada no sistema elétrico nacional”.

Segundo o SNTP, houve 40 detenções arbitrárias de jornalistas no país até agora este ano.

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