texas-moody

Jornalistas argentinas relatam desafios com avanço na carreira, desenvolvimento profissional e discriminação

Na Argentina, 72 por cento das mulheres jornalistas entrevistadas recentemente acreditam que as mulheres têm menos oportunidades de crescimento do que os homens nas empresas de comunicação. Setenta e sete por cento acreditam que, no jornalismo, as mulheres não ganham a mesma quantia que os homens por fazerem o mesmo trabalho.

(Captura de tela)

(Captura de tela)

Estes são alguns dos resultados de uma pesquisa publicada recentemente pelo MediaLab do Fórum de Jornalismo Argentino (FOPEA, por sua sigla em espanhol), realizada com o apoio da Iniciativa Google News.

“Percebemos que não tínhamos informações sobre a situação das mulheres jornalistas no jornalismo argentino em relação à sua situação profissional, suas perspectivas de crescimento e em termos de cobertura de questões de gênero”, disse Vanina Berghella, diretora executiva do FOPEA, ao Centro Knight. "É por isso que decidimos realizar a pesquisa."

Estas são algumas das principais descobertas:

70 por cento trabalham em um meio ou empresa de comunicação, em oposição a ter seu próprio negócio (17 por cento), freelancing (14 por cento) ou estar desempregada (14 por cento). (As entrevistadas puderam escolher mais de uma opção, e é por isso que o total é superior a 100%)
43 por cento trabalham em um meio de comunicação que é puramente digital ou convergente
61 por cento das entrevistadas têm mais de um emprego
25 por cento são redatoras, seguidas por editoras (14 por cento), jornalistas multimídia (12 por cento), etc.
53 por cento fazem pouco ou moderado uso de novas tecnologias, enquanto 47% usam intensamente
86 por cento receberam treinamento nos últimos 3 anos, mas apenas 12% receberam treinamento gerenciado pela empresa na qual trabalham
78 por cento disseram que os chefes em seus meios de comunicação são predominantemente homens
52 por cento disseram que o meio de comunicação para o qual trabalham não promove o jornalismo com perspectiva de gênero
O relatório observa que existem "dois imaginários distintos" com respeito aos desejos das entrevistadas sobre um futuro no jornalismo. Enquanto metade gostaria de progredir dentro de uma empresa jornalística, 39% querem trabalhar de forma independente.

No entanto, apenas 37 por cento disseram que há possibilidade de crescimento em seu emprego atual. Enquanto isso, “na mídia digital, a percepção de dinamismo e as possibilidades de promoção profissional aumentam”, diz o estudo.

Entre as principais dificuldades econômicas enfrentadas no trabalho jornalístico na Argentina, mencionaram baixos salários, medo de perder o emprego, falta de recursos e investimento no meio de comunicação para o jornalismo de qualidade, entre outros. Para dificuldades profissionais, incluíram falta de rigor profissional entre os jornalistas, falta de treinamento e outros.

E quando se trata de problemas enfrentados pelas mulheres, em particular no jornalismo, as entrevistadas incluíram equilibrar a vida familiar e o desenvolvimento profissional, preferencia por homens em detrimento das mulheres para progredir na carreira, e ter que enfrentar discriminação por serem mulheres, entre outros.

Berghella disse que a pesquisa foi bem recebida pelas entrevistadas e pela mídia.

“Nossa intenção é também poder apresentar a pesquisa aos gestores de mídia ou à equipe editorial para que eles entendam a importância de atender a essa situação”, disse ela. "Perceba que ter uma perspectiva de gênero dentro da redação pode ser estratégico: com certeza as mulheres contribuem para melhorar o potencial de toda a equipe e as conquistas de suas organizações."

A pesquisa foi conduzida entre Outubro e Novembro de 2018 e recebeu respostas completas de 405 pessoas em nível nacional. A maioria, 67 por cento, das entrevistadas era do interior do país, enquanto o restante era da Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA). A maioria (36 por cento) tinha entre 36 e 45 anos de idade.

Berghella disse que a FOPEA gostaria de realizar uma nova pesquisa sobre mídia para saber quantas mulheres trabalham em meios de comunicação na Argentina, bem como o número de mulheres que trabalham como jornalistas no país, entre outras descobertas.

Artigos Recentes