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Jornalistas cubanos são presos a caminho de Havana para cobrir premiação organizada por grupos pró-democracia

Este artigo foi atualizado para incluir detalhes das acusações contra Constantín Ferreiro, assim como declarações da SIP e do Ministério das Relações Exteriores cubano.

O jornalista cubano Henry Constantín Ferreiro foi acusado do crime de 'propaganda inimiga' após ter sido preso a caminho da cobertura de uma cerimônia em homenagem a um político de oposição falecido, de acordo com a Associação Interamericana de Imprensa (SIP).

Constantín, editor da revista La Hora de Cuba, e Sol García Basulto, jornalista do site cubano 14ymedio, foram impedidos de viajar de Camagüey para Havana em 21 de fevereiro.

De acordo com 14ymedio, García Basulto disse que os dois jornalistas foram presos no aeroporto na noite de 20 de fevereiro. Ela disse que o seu celular e alguns documentos foram levados pela polícia antes de ela ser transferida para uma delegacia e depois liberada. 14ymedio disse que Constantín ainda está preso.

O site de notícias publicou que a mãe de Constantín disse que a “polícia tinha armado uma operação ao redor da casa [começando às 19h], mas ele [Constantín] já tinha saído para o aeroporto.”

A SIP publicou no dia 23 de fevereiro que Constantin Ferreiro ficou detido por um dia e meio e "foi intimado a deixar o país e acusado do crime de propaganda inimiga, uma crime previsto no Código Penal com pena de um a oito anos na prisão." A organização acrescentou que o jornalista foi informado de que ele seria formalmente notificado sobre as acusações no dia 27 de fevereiro e que o Ministério Público determinaria sua punição em 72 horas após sua saída da cadeia.

Durante o interrogatório do jornalista, um major tinha cópias da revista que Constantín Ferreiro edita e um grande arquivo sobre ele em sua mesa, disse a SIP. Esse mesmo major "o ameaçou e exigiu que ele escolhasse entre sair do país, calar a boca, ou ir para a prisão", acrescentou a organização.

A SIP informou que Constantín Ferreiro contou que ele e García Basulto receberam seus telefones de volta depois de saírem da prisão, mas eles não estavam funcionando. Além disso, duas pessoas à paisana foram postadas fora de sua casa.

Além de ser editor da revista La Hora de Cuba, Constantín é também o vice-presidente regional para Cuba no Comitê para a Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.

A organização condenou a sua prisão e pediu a sua liberação. Além disso, a SIP convocou a comunidade internacional e o presidente americano Donald Trump a intervirem.

"Temos muito pouco tempo para proteger nosso colega e é por isso que pedimos a solidariedade da comunidade internacional para interceder perante o governo de Cuba para desistir de qualquer tipo de punição", declararam Roberto Rock, presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa e de Informação da SIP, e Matt Sanders, Presidente da SIP.

O prêmio "Oswaldo Payá: Liberdade e Vida" foi dado a Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que também foi impedido de viajar para Havana.

Payá, que lutou pela democracia e liberdade de expressão em Cuba, morreu em um acidente de carro em 2012. Sua filha, Rosa Maria Payá, fundadora do Cuba Decide, disse que o governo cubano causou o acidente, apesar das autoridades negarem o fato, segundo a Associated Press. Cuba Decide, uma ONG que trabalha em prol de um plebiscito “para iniciar a transição democrática” e a Rede Latino-americana de Jovens pela Democracia (JuventudLAC) organizam o prêmio Oswaldo Payá.

Em uma carta para Rosa Maria Payá, Almagro escreveu que o consulado cubano em Washington negou o seu visto no passaporte oficial da OEA e que ele também foi informado de que não seria autorizado a entrar no país com um passaporte diplomático do Uruguai. Almagro escreveu que, em uma reunião de outro funcionário da OEA com o cônsul de Cuba em Washington e o primeiro secretário do consulado, “[eles manifestaram] 'perplexidade’ diante do envolvimento do secretário-geral da OEA em atividades anti-cubanas."

O ex-presidente mexicano Felipe Calderón e a ex-ministra da educação do Chile Mariana Aylwin, assim como dois coordenadores do Cuba Decide, também foram impedidos de entrar em Cuba para participar do evento.

Calderón disse que ele foi barrado antes de embarcar em um avião na Cidade do México porque ele não estava autorizado a viajar por ordem do governo de Cuba, segundo publicou El Universal.

O Granma publicou no dia 22 de fevereiro uma declaração do Ministério das Relações Exteriores sobre a viagem de Almagro a Havana e sobre o "'prêmio' inventado por um grupo ilegal, que atua em conjunto com a organização de extrema-direita Fundação para a Democracia Pan-americana".

"O plano, traçado durante várias viagens a Washington e a outras capitais da região, consistia em criar uma provocação séria e aberta contra o governo cubano em Havana, gerando instabilidade interna, danificando a imagem internacional do país e, ao mesmo tempo, afetando o desenvolvimento positivo das relações diplomáticas de Cuba com outros estados ".

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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