Por Morgan Long *
A crênica do caminho de um saco de lixo peruano da calçada ao aterro sanitário, uma série documental sobre a Revolução Mexicana e uma entrevista exclusiva com a prostituta colombiana que protagonizou o escândalo do Serviço Secreto dos Estados Unidos no ano passado foram alguns dos ganhadores da trigésima edição dos Prêmios Internacionais de Jornalismo Rei da Espanha.
Os prêmios, anunciados em 24 de janeiro, foram dados em seis categorias: Televisão, Rádio, Imprensa, Jornalismo Ambiental, Fotografia e Jornalismo Digital. O júri revisou mais de 240 trabalhos e cinco dos seis prêmios foram dados a jornalistas latino-americanos.
Julio Sánchez Cristo, colombiano e diretor da W Radio, recebeu o prêmio de Rádio por sua entrevista com Dania Londoño Suárez, a prostituta que esteve no centro do escândalo que surgiu quando agentes do Serviço Secreto do presidente americano Barack Obama não quiseram lhe pagar durante a Cúpula das Américas em 2011. Segundo Sánchez Cristo, a entrevista circulou em cada jornal norte-americano e em vários veículos ao redor do mundo. “Foi algo sem precedentes”, disse Sánchez.
Leopoldo Gómez González e Bernardo Gómez Martínez, dois diretores da emissora mexicana Televisa, ganharam por seu trabalho “O último caudilho”, sobre a revolução mexicana.
O brasileiro Wilton de Sousa Jr. ganhou o Prêmio de Fotografia por sua imagem de uma manifestação indígena no Rio de Janeiro. A foto apareceu no jornal O Estado de São Paulo em junho passado e mostrou um grupo de indígenas bloqueando o trânsito com arcos e flechas para defender os interesses de sua comunidade.
José Antonio Sánchez, o editor do diário El Tiempo, ganhou o Prêmio de Jornalismo Digital por seu trabalho multimídia “Quatro anos para salvar a água de Bogotá”. O vídeo de três minutos ilustra a crescente ameaça ao fornecimento de água para 7 milhões de pessoas por contaminação e agências de regulação fracas.
O peruano Jack Lo Lau ganhou na categoria mais nova, Jornalismo Ambiental, por seu trabalho “Um encontro com seu saco de lixo à meia-noite”, que conta a história de um saco de lixo desde quando sai da calçada até chegar ao aterro sanitário e descreve problemas com o manejo dos dejetos.
Finalmente, o Prêmio Dom Quixote – que reconhece a qualidade lingüística em espanhol – foi dado ao argentino Federico Demián Bianchini, editor da Revista Anfibia, pelo artigo “O supremo anfíbio”, um perfil do juiz da Corte Suprema da Argentina Raúl Zaffaroni.
Desde 1983 a agencia de notícias EFE e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECID) oferecem os prêmios a jornalistas de países que têm laços históricos com a Espanha.
Todos os ganhadores também receberam entre 8.000 e 12.000 dólares. Os prêmios serão entregues pelo Rei da Espanha Juan Carlos nos próximos meses em Madrid.
* Morgan Long é uma estudante da turma "Jornalismo na América Latina" na Facultade de Comunicação da Universidade do Texas em Austin.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.