Dois ex-policiais considerados culpados do assassinato em 2015 do jornalista e ativista de Veracruz, no México, Moisés Sánchez Cerezo, foram condenados a 25 anos de prisão e ao pagamento de cerca de US$ 18 mil em reparações civis, de acordo com Animal Político.
A Promotoria Geral do Estado de Veracruz (FGE, na sigla em espanhol) informou que os ex-policiais condenados do município de Medellín de Bravo, identificados como Luigui Heriberto “N” e José Francisco “N”, foram processados por homicídio doloso qualificado e violação do dever legal, segundo um comunicado publicado em 27 de março.
Omar Cruz Reyes, ex-presidente municipal de Medellín Bravo e membro do partido PAN, que é o suposto autor intelectual do assassinato de acordo com a promotoria, ainda está foragido das autoridades, segundo Animal Político.
La Jornada de Veracruz informou que o filho de Sánchez Cerezo, Jorge Sánchez Ordóñez, disse que o caso não está resolvido porque nada foi feito em relação aos supostos autores do assassinato. Sánchez Ordóñez estava se referindo ao fugitivo Cruz Reyes.
Em relação aos homens condenados, o filho do jornalista disse que eles estavam nos arredores de sua casa quando tudo aconteceu. “Eles não são os que raptaram meu pai, não são os autores intelectuais, são os que não responderam ao chamado [da família por ajuda]”, relatou a La Jornada de Veracruz.
O filho do jornalista disse, segundo La Jornada, que ele e sua família não receberam nenhuma notificação oficial da sentença, mas que descobriram graças a alguns colegas da imprensa, que os avisaram por telefone e leram o boletim divulgado pela FGE. .
Sánchez Cerezo foi o proprietário, fundador e repórter investigativo do semanário La Unión. O jornalista era o editor da versão impressa e digital do semanário, que cobria as denúncias de corrupção por parte das autoridades municipais, acidentes rodoviários, negligências do poder público e reclamações dos cidadãos na área, como roubo de recursos naturais e assassinatos violentos, segundo a organização jornalística Periodistas de a Pie.
Segundo a organização, os familiares do jornalista disseram que na noite de 2 de janeiro de 2015, um grupo de homens armados chegou à casa do jornalista em três vans e sequestrou Sánchez Cerezo violentamente diante de sua família. Os seqüestradores também levaram seu computador, câmera e vários celulares, Periodistas de a Pie publicou na época.
Três semanas depois de seu seqüestro, o corpo de Sánchez Cerezo foi encontrado decapitado e mutilado em uma vala na cidade de Manlio Fabio Altamirano, a 25 quilômetros a leste de Medellín de Bravo, informou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Segundo o CPJ, os familiares do jornalista disseram que ele havia recebido ameaças do então prefeito de Medellín de Bravo, Cruz Reyes, poucos dias antes de seu sequestro e posterior assassinato, por causa da posição crítica de seu jornal semanal em relação à administração municipal.
No entanto, a Procuradoria Federal para Crimes Contra a Liberdade de Expressão (FEADLE) descartou na época que o assassinato de Sánchez Cerezo tenha sido motivado por seu trabalho como jornalista, dizendo que seu principal trabalho era como taxista, de acordo com a organização de direitos humanos Artigo 19. O mesmo tipo de argumento foi dado em relação ao assassinato de outro jornalista de Veracruz, Gregório Jiménez de la Cruz, em 2014.
Em 2015, uma juiz federal ordenou que a Procuradoria Geral da República (PGR) investigasse o assassinatode Sánchez Cerezo através da FEADLE. Segundo Animal Político, a juíza disse que os argumentos da PGR que não credenciavam Sánchez Cerezo como jornalista violavam os padrões de liberdade de expressão.
Durante o mandato do governador do PAN Javier Duarte de Ochoa (2010-2016) - que agora está sendo investigado por corrupção e outras acusações - 17 jornalistas foram mortos e outros três ainda estão desaparecidos em Veracruz, de acordo com Animal Político.