O jornalista venezuelano Yonathan Guédez foi libertado no dia 26 de abril depois de ficar detido por 16 dias em uma das sedes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB).
Guédez, funcionário de comunicação da prefeitura de Iribarren, em Barquisimeto, e jornalista do site digital Las Peras, foi detido no dia 10 de abril enquanto cobria um dos protestos contra o governo na cidade. O jornalista e 30 manifestantes foram presos naquele dia pela GNB.
"Eu estava na frente do prédio do jornal El Impulso, tirando fotos das pessoas que estavam correndo. Naquele momento, as motos estavam chegando, mas como eu estava apenas tirando fotos, não corri. Quando ouvi os disparos, obviamente, comecei a correr e, naquele momento, eles me detiveram", disse Guédez depois de ser libertado, segundo o El Impulso.
Guédez foi acusado de crimes de resistência à autoridade, posse de objeto incendiário e de incitar a alteração da ordem pública. Ele foi libertado em liberdade condicional.
O jornalista precisa comparecer diante do juiz a cada oito dias, segundo El Impulso.
De acordo com o site, Guédez disse à imprensa que não foi atacado durante sua detenção, mas que precisou compartilhar um quarto sem ventilação com outros 60 presos.
"Eles nos trataram bem. Falamos de violência psicológica, nada mais. Eles não nos agrediram fisicamente. No dia da prisão, sim, que foi 10 de abril. Não apenas eu, mas todos os detidos ", disse Guédez, de acordo com o jornal.
A Venezuela tem experimentado uma onda de protestos sociais desde o final de março, após a Suprema Corte ter decidido suspender as funções legislativas da Assembleia Nacional. A oposição política ao Presidente Nicolás Maduro tem maioria na Assembleia Nacional.
De acordo com o jornal El País, a repressão policial das manifestações sociais contra o governo de Maduro já custou 29 vidas.
Através do Twitter, o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) exigiu que Maduro respeite os jornalistas que vão às ruas para informar.
A SNTP informou, no dia 24 de abril, que pelo menos 14 jornalistas e trabalhadores da imprensa foram detidos de forma ilegal e arbitrária nos protestos de rua desde 31 de março.
O jornalista chileno-venezuelano Braulio Jatar está preso desde 3 de setembro de 2016, aparentemente por transmitir um vídeo de um dos muitos protestos contra o governo na Venezuela. Uma acusação de lavagem de dinheiro contra ele só foi feita e tornada pública 48 horas após a sua detenção. Até agora, não há nenhuma indicação de que ele será libertado, ainda que seus advogados e familiares tenham relatado irregularidades em seu caso, tratamento desumano contra ele, e uma grave deterioração de sua saúde.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.