Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o Instituto Reuters publicou o relatório “Women and Leadership in the News Media 2023: Evidence from 12 markets” (“Mulheres e liderança em meios de notícias 2023: evidências de 12 mercados”) que mostra que apenas 22% dos cargos de liderança nos meios analisados são ocupados por mulheres. Esse número cai consideravelmente no mercado latino-americano, com apenas 5% no México e 13% no Brasil.
O relatório também constatou que a porcentagem de mulheres em altos cargos é menor do que a porcentagem de mulheres que trabalham como jornalistas.
"Nosso trabalho complementa pesquisas relevantes que outros realizaram sobre a situação das mulheres nos meios de notícias e se baseia em nossa crença de que é fundamental documentar constantemente como a indústria aborda as questões de diversidade e desigualdade. O autodenominado cão de guarda raramente vigia a si mesmo", explica o relatório.
O trabalho do Instituto Reuters para mapear o gênero dos cargos de liderança nos meios de diversos mercados começou em 2020. A amostra inclui África do Sul e Quênia, na África; Hong Kong, Japão e Coréia do Sul, na Ásia; Finlândia, Alemanha, Espanha e Reino Unido, na Europa; e Estados Unidos, México e Brasil nas Américas. Desta vez o estudo foi conduzido pelas pesquisadoras Kirsten Eddy, Amy Ross Arguedas, Mitali Mukherjee e Rasmus Kleis Nielsen.
O estudo também não encontrou nenhuma tendência geral clara para uma maior igualdade de gênero nos cargos editoriais mais altos entre 2022 e 2023, nem nos anos desde 2020. Por exemplo, no México, a porcentagem de mulheres em cargos de de alto nível caiu de 11% em 2022 para 5% em 2023.
No Brasil, por outro lado, houve um aumento no último ano. Subiu de 7% em 2022 para 13% em 2023. Entretanto, antes da pandemia, 22% dos altos cargos em meios do Brasil eram ocupados por mulheres.
O relatório também comparou a igualdade de gênero, medida pelo índice das Nações Unidas (ONU), com a porcentagem de mulheres diretoras nos meios e não encontrou correlação positiva em vários dos países. O Brasil e o México estão entre os países com as menores correlações entre as duas variáveis.
"Não encontramos nenhuma tendência geral para uma maior paridade de gênero nos cargos superiores, apesar do constante exame crítico da falta de diversidade no setor, e do reconhecimento de como o jornalismo e a mídia frequentemente refletem mal as sociedades que cobrem em termos do perfil de sua equipe (especialmente nos níveis superiores)", diz o relatório.
De acordo com o relatório, algumas das razões da disparidade são que os meios acreditam que a indústria já está onde precisa estar em termos de diversidade. Por outro lado, "a mídia na prática direciona seus escassos recursos para outras questões que consideram mais importantes ou mais urgentes".
Este estudo também mostra que a América Latina tem as menores porcentagens de usuários de notícias online que consomem informações de pelo menos um meio de comunicação dirigido por uma mulher. Enquanto o Brasil se situa em 27% e o México em 18%, países como Quênia e Finlândia excedem 70%.
"Menos da metade dos usuários de notícias online consumiram informações de pelo menos um meio de comunicação liderado por uma mulher. A média é de 48%: esse número não mudou praticamente desde que começamos o trabalho em 2020, quando foi de 49% entre 10 mercados", diz o relatório.
De acordo com as pesquisadoras, não houve evidência de uma evolução da igualdade de gênero em posições de liderança nos meios de notícias em todo o mundo, apesar dos esforços de várias instituições, e não foram encontradas mudanças substanciais nos anos em que eles têm coletado dados.