Em uma semana, três jornalistas mexicanos foram assassinados nos estados de Oaxaca, Veracruz e Guanajuato.
“Estamos consternados por todos estes assassinatos de jornalistas no México. […] Três mortes em uma semana: onde vai parar a violência?, disse Lucie Morillon, diretora de Programas da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
O jornalista de rádio Filadelfo Sánchez Sarmiento foi baleado fatalmente nos arredores do escritório da emissora La Favorita 103.3 FM em Oaxaca, em 2 de julho.
Segundo a revista Proceso, duas pessoas que esperavam Sánchez Sarmiento salir de seu trabalho o atacaram por volta de 9h30 da manhã. Os desconhecidos dispararam sete vezes, três dos tiros atingiram o corpo do jornalista, segundo o site Periodistas en Riesgo.
A revista Proceso informou que o governador ordenou ao procurador adiantar a investigação do crime e que um grupo de especialistas já havia começado uma busca no local do crime logo depois do ocorrido.
Sánchez Sarmiento havia recebido ameaças de morte por algum tempo, incluindo ameaças por telefone, Facebook e WhatsApp. Mas elas se tornaram mais constantes recentemente, segundo o Imparcial Oaxaca. O jornal informou que o jornalista disse a seus colegas de trabalho que tinha medo e deveria tomar cuidado.
“Este crime não deve terminar como tantas dezenas de assassinatos de jornalistas não solucionados no México, país com um dos piores índices de impunidade no mundo”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ na sigla em inglês).
Em Veracruz, o corpo de Juan Mendoza Delgado, diretor do portal de notícias Escrevendo a Verdade, foi encontrado em 1º de julho, depois de ter desaparecido no dia anterior.
Mendoza Delgado também trabalhou como taxista, de acordo com a Comissão Estadual para a Atenção e Proteção dos Jornalistas (CEAPP). A família do jornalista não tinha notícias dele desde 30 de junho.
As autoridades disseram que seu corpo não tinha sinais de tiro ou de tortura, e que parecia que ele havia sido atropelado, mas não ofereceram detalhes sobre o lugar onde foi encontrado. Alguns meios informaram sobre uma fotografia que está circulando nas redes sociais que mostra o corpo de uma pessoa morta, parecida com o jornalista, que havia sido torturada e estava em um acostamento de estrada.
Mendoza Delgado trabalhou anteriormente como repórter policial para o jornal El Dictamen durante 16 anos, de acordo com Proceso. Depois abriu o site de notícias online Escrevendo a Verdade.
Em Guanajuato, o corpo do jornalista Gerardo Nieto Álvarez foi encontrado degolado em 26 de junho.
Segundo a RSF, o promotor de justiça encarregado da investigação “descartou de imediato que o crime estivesse relacionado com a profissão do jornalista, o que pessoas próximas ao jornalista questionaram”. Membros da família do jornalista, que editou o jornal El Tábano, disseram a RSF que “o mataram por ser repórter, disso estamos convencidos”.
“Mais de 50 jornalistas foram assassinados ou estão desaparecidos [no México] desde 2007”, segundo o CPJ.
RSF ressaltou que outros três jornalistas foram assassinados no México este ano. Os assassinatos ocorreram em Veracruz ou em Oaxaca.
O corpo do editor de jornal José Moisés Sánchez Cerezo foi encontrado ao lado de uma estrada em Veracruz em 24 de janeiro depois que homens armados o levaram de sua casa 22 dias antes.
O corpo torturado do jornalista de rádio de Veracruz Armando Saldaña Morales foi encontrado em Oaxaca em 4 de maio, informou o portal Periodistas en Riesgo. O diretor de uma rádio comunitária Abel Martínez Raymundo foi assassinado em 14 de abril depois de sair da emissora, de acordo com o portal.
México ocupa o sétimo lugar no Índice Global de Impunidade 2014 do CPJ.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.