Organizações de defesa da liberdade de imprensa e associações jornalísticas expressaram preocupação com o futuro da liberdade de imprensa no Equador, onde a tensão entre o governo e a mídia tem se intensificado nos últimos meses graças a ações propostas contra jornalistas e empresas jornalísticas pelo próprio presidente Rafael Correa.
O jornal El Comercio de Quito relatou que, em 2011, o governo Correa já recebeu seis cartas e uma série de pronunciamentos públicos de várias organizações jornalísticas e de defesa da liberdade de expressão solicitando o fim das hostilidades contra a imprensa.
O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), Gonzalo Marroquín, disse que o "estilo ofensivo" de Correa "o contradiz como estadista ao enfrentar a imprensa independente com epítetos, desprestígio, intimidação e ameaças, com a intenção ulterior de que os veículos críticos se autocensurem”.
A rede de Intercâmbio Internacional pela Liberdade de Expressão (IFEX) pediu que o Equador pare os "ataques e acusações" contra a mídia. Em uma carta dirigida a Correa e divulgada durante a 16ª Assembléia Geral da IFEX em Beirute, Líbano, 33 organizações de defesa da liberdade de expressão afirmaram que o Equador se tornou um dos países onde mais ocorrem agressões contra imprensa e jornalistas na América Latina, com 151 agressões reportadas em 2010 e 75 em 2011.
Durante sua administração, Correa fechou radios e se pronunciou pessoalmente contra alguns jornalistas e veículos, enquanto promoveu as reformas legais para introduzir mais regulamentação para a imprensa. O El Universo tem sido o mais atacado, jornal contra o qual o presidente ingressou com ação por difamação em março passado. Na última quinta-feira, 2 de junho, o periódico anunciou públicamente por meio de nota que, apesar de enfrentar ampanha em seu desfavor, ele não vai se calar. "EL UNIVERSO não vai se calar. Para isso, para que nossa voz emudeça, ao presidente da República só restará um caminho, nos destruir", declara o veículo após novas acusações contra seus diretores, supostamente envolvidos em atos de corrupção.
A Associação Equatoriana de Editores de Jornais (AEDEP) pediu ao governo para corrigir a “política de intolerância" contra a mídia independente. Nas últimas semanas, organizações como a SIP, Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a Human Rights Watch pediram a Correa para parar os ataques contra a imprensa e retirar os processos contra jornalistas.
Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.